Onde a maioria das pessoas só vê as paisagens adoradas de Nova York, John Honerkamp, Paul Leak e seu alegre grupo de cem seguidores enxergam lugares fantásticos para a prática de exercícios.
Em uma manhã recente, exatamente às 6h28min, o grupo desceu os degraus do Metropolitan Museum of Art para o que, talvez, tenha sido o jogo de Imagem e Ação mais físico já jogado: os atletas corriam para pegar as pistas, paravam em prancha enquanto outros membros do time desenhavam e pagavam pena (fazendo exercícios vigorosos que combinam agachamento, flexão de braço e salto) quando não conseguiam adivinhar corretamente o que era a imagem.
Eles já se "sentaram" encostados na parede e correram nas escadarias do Borough Hall, "subiram montanhas" do lado de fora da Mansão Gracie (onde os guardas os incentivaram) e fizeram revezamento em volta da fonte do Lincoln Center (rapidamente, os seguranças pediram para que se retirassem). Outro dia, saltaram em cima da borda de outra fonte do centro - Leak, 27 anos, que trabalha como organizador de eventos, já tinha planos mais ambiciosos para a água:
- Seria perfeito para um triatlo urbano, mas não há uma estação de bicicletas por perto. Ficaríamos em apuros, mas a gente ama isso.
Leak e Honerkamp são os líderes nova-iorquinos do Projeto Novembro, um flashmob matutino de exercícios físicos que começou em Boston em 2011 e, desde então, espalhou-se por 19 cidades dos Estados Unidos e do Canadá. A iniciativa mistura a intensidade do CrossFit, a aura de culto do SoulCycle e a falta de preocupação com as condições climáticas da chamada Natação do Urso Polar (quando as pessoas entram na água em temperatura muito baixa) com o alto nível de diversão de uma pista de obstáculos e a camaradagem e a responsabilidade de um esporte de equipe.
As sessões começam com os praticantes - tantos os novos nas atividades físicas quanto os maratonistas - recebendo instruções para tocar o nariz de alguém que não conhecem e dizer: "Fico feliz que você esteja aqui". É proibido dar as mãos ao se encontrar - esta é uma área exclusiva de abraços. E como os exercícios são de graça e na rua, não há chatices como ter que se inscrever, aturar duras políticas de cancelamento ou brigar por lugares.
Brogan Grahan, 32 anos, ex-técnico de remo universitário e um dos fundadores do grupo, explica:
- Algumas pessoas precisam que suas atividades físicas sejam certificadas, sancionadas e caras. A gente só quer se divertir mais. Estamos fazendo com que as pessoas sejam pessoas e deixem seus celulares de lado.
Claro que os telefones reaparecem no final para a obrigatória foto pós-exercícios, publicada imediatamente nas redes sociais.
Nas diferentes cidades, os líderes das tribos - como o Projeto Novembro chama os grupos - são voluntários com experiência em atividades físicas. Eles têm poucas instruções: os locais dos exercícios precisam ser épicos; a movimentação deve começar às 6h30 da manhã (ou antes); pessoas de qualquer nível de condicionamento consigam seguir a prática; e ela deve ser imprevisível.
Em San Francisco, os organizadores bolaram uma versão de um jogo de tabuleiro chamado Chutes and Ladders (Rampas e Escadas, em tradução livre) no chão de concreto da Alamo Square, exigindo diversos exercícios para que as pessoas cruzassem o "tabuleiro". Em janeiro, uma sessão em San Diego envolveu times de quatro pessoas empurrando carros. Ninguém levou em conta uma pequena descida no percurso. Assim, o exercício ainda teve um desafio cardiovascular extra: correr atrás dos carros.
Como muitas ideias malucas, o movimento nasceu de uma conversa de bar, em outubro de 2011, quando Grahan e um ex-colega de remo da universidade, Bojan Mandaric, 33 anos, decidiram reverter a tendência de deixar de lado as atividades físicas no inverno e fizeram um pacto para treinar antes do trabalho todos os dias do mês seguinte. Eles anotaram seus exercícios em um documento do Google chamado Projeto Novembro.
O mês terminou, mas o projeto seguiu, virou blog, ganhou uma conta no Twitter e atraiu desconhecidos. Mandaric comenta:
- Mesmo que seja seu melhor amigo, as pessoas são muito ocupadas, mas ninguém está ocupado às seis e meia da manhã.