Comprar frutas e verduras em supermercados pode custar até o dobro do que em feiras modelo, coordenadas pela prefeitura da Capital. Pesquisa feita por ZH na semana passada com 12 variedades de hortifrúti apontou variação de 12% a 126% no valor médio em súper e nas bancas de rua. O caso mais chamativo é o do chuchu, cujo quilo nas grandes redes fica em torno de R$ 4,48, enquanto nas feiras sai por R$ 1,98.
- A diferença é muito grande. Gasto R$ 30 por semana em compras na feira, e gastaria pelo menos R$ 40 em um súper - afirma a advogada Bruna Leite, 26 anos.
Com maiores custos com funcionários, ar condicionado e área de estacionamento, por exemplo, os supermercados têm dificuldade em emparelhar os preços com as feiras, com estrutura bem mais enxuta.
- Os preços de alimentos da estação até são parecidos, mas quando são fora de época, a feira vale muito mais a pena - avalia o aposentado Renato Couto, 60 anos, que além dos vegetais leva também ovos e carne da feirinha semanal do bairro Floresta.
É o caso da cenoura. Nos supermercados, a verdura custava, em média, R$ 4,73 na semana passada, 72,6% a mais do que nas feiras, que cobravam R$ 2,74. Mesmo no comércio de rua, o valor é mais alto do que na Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), que vende ao atacado e cobrava R$ 1,75 no mesmo dia.
Associação fala em produtos com mais qualidade
Consumidores que compram frutas e verduras no supermercado apontam vantagens como comodidade e segurança. A médica Rita Pereira, 47 anos, explica que não consegue ir à feira uma vez por semana, mas entre um compromisso e outro encontra tempo para estacionar no supermercado e fazer as compras rapidamente.
A aposentada Mônica Grosser, 59 anos, prefere os supermercados devido à segurança. Ela se sente mais à vontade empurrando o carrinho entre as gôndolas do que percorrendo a rua com o dinheiro na mão.
- E, no final das contas, a diferença do que se gasta nem é tão grande assim - avalia.
De acordo com o presidente da Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, o preço mais alto nas redes se deve à seleção de produtos com maior padrão de qualidade. Além disso, o supermercado tem menos flexibilidade de alterar o preço de frutas e legumes durante o dia, enquanto os feirantes podem baixar preços para limpar as estantes e se preparar para a remessa do dia seguinte.
Carnes têm preços semelhantes
Algumas categorias de alimentos geralmente encontrados nas feiras de Porto Alegre têm preços mais parecidos com os do supermercado. É o caso de carnes de frango e gado. Muitas vezes, a diferença de preço é de poucos centavos, e, em dias de promoções, há vantagem para os supermercados.
A explicação está nas condições de compra dos supermercados, que conseguem encomendar em maior quantidade junto a grandes distribuidores e oferecer preço unitário mais baixo. Os feirantes compram em quantidade menor e geralmente de produtores pequenos, sem a mesma escala.
Além disso, os mercados têm estrutura de refrigeração já instalada, o que representa menos custo na exposição e na venda do produto, conforme a Agas. Já os feirantes precisam montar e desmontar os freezers diariamente e suportar custos altos de conservação.
Os ovos, por outro lado, costumam ser 50% mais baratos na feira, em particular os de tipo caipira, que são de galinhas criadas soltas, muitas vezes em pequenas propriedades. Nesse caso, a feira
leva vantagem por tem uma relação mais próxima ao produtor, sem intermediários.
Economize na compra
- Escolha frutas e legumes que não estejam totalmente maduros. Isso aumenta a durabilidade na sua casa e evita desperdício.
- Observe as estações de colheita para conhecer o melhor preço.
Quando um hortifrúti estiver fora de estação, avalie substituir por outro em plena safra.
- Pesquise no site da Ceasa a cotação média no atacado. Isso será um termômetro para você detectar preços exagerados no comércio.
- Mesmo as feiras podem ter preços bem diferentes uma da outra. A reportagem encontrou maçã gala por R$ 1,98 e R$ 3,99 nas bancas.
- Faça sempre uma lista de compras antes de sair de casa, como forma de evitar cair em tentações e levar o que não precisa.