Dos artistas que sempre estiveram aí na nossa vida, Caetano Veloso é o que mais tem me provocado. Esqueça as piadas sobre o caráter etéreo de suas respostas, o imbróglio sobre permitir ou não ser biografado ou sua proximidade com Maria Gadú. O cara foi parte fundamental da criação e projeção da Tropicália, lançou uma série de discos emblemáticos, teve fracassos retumbantes - como todo artista -, e se propôs - nos passos mais recentes da sua carreira, a enveredar pelo rock. Cê, Zii & Zie e Abraçaço são a tríade desse período que acaba compilada em Multishow Ao Vivo: Caetano Veloso - Abraçaço.
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Mas não, essa coluna não virou um espaço para falar de música. Pelo menos não como crítica. É que não são poucas as vezes em que um poema, um livro, um conto, uma música, um texto é capaz de nos tocar profundamente, ou nos fazer despertar, ou nos fazer mergulhar em novos estados de crença e vivência. E quando ouvi este novo disco ao vivo de Caê, e, principalmente Eclipse Oculto, uma série de lâmpadas se acendeu dentro de mim. Dei para elas a missão de iluminar dúvidas e entregar certezas - que podem ser frágeis como o desejo por sobremesa diante da dieta. Pesquisando depois, descobri a versão original e regravações espetaculares do Barão Vermelho (com Cazuza nos vocais) e de Céu. São elas e a original de Caetano que recheiam de som o texto de hoje.
Então, se vocês me permitem, vou usar os versos de Eclipse Oculto para falar sobre resignação diante do amor não realizado, essa coisa tão difícil de entender quando somos mimados (e quem não é, em alguma escala?).
Nosso amor não deu certo
Gargalhadas e lágrimas
De perto fomos quase nada
Tipo de amor que não pode dar certo na luz da manhã
E desperdiçamos os blues do Djavan
Coluna
Caetano e os amores que não dão certo
Pedro Jansen, novo colunista de Donna, fala sobre a resignação diante do amor não realizado
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