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Os japoneses tiveram nenhuma pressa para reestilizar a Hilux. O resultado é que a legendária picape, que vendeu mais de 16 milhões de unidades em todo o mundo, foi ficando ultrapassada, pois havia ganhado sua última transformação em 2005. No mercado brasileiro, onde nadava de braçada, a Toyota assistiu ao crescimento da Chevrolet S10, que assumiu a liderança do mercado de picapes. Até que, em novembro de 2015, a montadora apresentou a oitava geração da Hilux. Resultado: menos de quatro meses depois, o veículo retomou a liderança do segmento e, com tecnologia e muito conforto, está um passo à frente das demais - embora também seja mais cara que as concorrentes.
O motor 3.0 perdeu 200cc, mas ganhou seis cavalos de potência (chegou a 177cv) e um radical aumento de 25% no torque - 45.9kgfm entre 1.600 e 2.400rpm na versão com câmbio automático de seis marchas. Mas a mudança é pequena perto do ganho em conforto. As suspensões foram recalibradas para aquela tradicional chacoalhada.
As molas longitudinais aumentaram de 1.300mm para 1.400mm e foram realocadas – no caso das traseiras, foram colocadas 5cm mais para fora, o que diminui as vibrações. O isolamento acústico, ponto defasado, melhorou. Foram desenhadas novas mantas isolantes até para as portas, o que acabou deixando quase imperceptível o ruído do motor a diesel.
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Em março de 2015, de acordo com números da Fenabrave em todo o país, a GM S10 emplacou 3354 unidades, contra 3.096 da Hilux, 1701 da Ford Ranger e 1.314 da VW Amarok. Nas três primeiras semanas de março deste ano, a picape da Toyota vendeu 2909 unidades, contra 1670 da S10, 1089 da Amarok e 994 Ranger.
No acumulado de 2016, a Toyota também abriu larga vantagem: 5087 contra 2444 da S10, 2041 da Amarok e 1920 da Ranger.Os números provam que o consumidor voltou a optar pela Hilux, mesmo ela sendo a mais cara na comparação entre as top de linha de cada montadora, com o exorbitante preço de quase R$ 190 mil.
FICHA TÉCNICA
Motor: 1GD 2.8L, com quatro cilindros em linha, turbocompressor e intercooler, com 177cv e 3.400rpm e 45.9 kgfm entre 1.600 e 2.400rpm (42.8 kgfm entre 1.400 e 2.600rpm na versão com câmbio manual)
Consumo: 9km/l na cidade e 10,5 km/l em uso rodoviário – com câmbio manual, fica até 10% mais econômica
Freios: discos na frente e tambores na traseira, ABS com distribuição eletrônica (EBD) e assistente de frenagens emergenciais (BA). As versões SRV e SRX têm ainda os controles de tração ativo e de estabilidade e os assistentes de reboque e de partida em rampas. A SRX possui ainda assistente de descida em ladeiras.
Suspensão: independente, com braços duplos triangulares, molas helicoidais de 1400mm e barra estabilizadora na dianteira e eixo rígido com molas semielípticas (520mm de curso) de duplo estágio na traseira
Rodas: 17” ou 18” (SRX), de liga leve
Peso: 2.090kg
Tanque: 80 litros
Caçamba: volume não divulgado e carga útil para 1000kg
Medidas Tamanho Mudança
Comprimento 5.260mm +70mm
Largura 1.835mm +20mm
Altura 1.860mm -45mm
Entre-eixos 3.085mm 0
Cabine 1.802mm -70mm
Altura piso ao teto 1.196mm -26mm
Visual – As versões SRV e SRX contam com um útil farol de neblina, mas só a top tem farol dianteiro e luzes diurnas de Led, com ajuste de altura. Outra diferença da SRX são as rodas, que têm 18 polegadas – os demais modelos, 17”. Os para-lamas ficaram mais largos e agora fazem parte do corpo da carroceria.
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Telona – As versões SR, SRV e SRX têm dispositivo de áudio ligado à tela touchscreen de 7”, com funções de DVD, MP3, entrada auxiliar de vídeo e seis alto-falantes, e que fornece informações de consumo de combustível e da câmera de ré. A SRV e SRX contam ainda com navegador GPS e TV digital.
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Porta-copos – O banco traseiro, na versão top (SRX), passou a ser repartido e ganhou um espaço para garrafas e copos. Quem vai no banco de trás tem ainda o benefício de uma ampla saída do ar-condicionado e, de acordo com a montadora, o espaço para as pernas ficou um centímetro maior. A espuma do banco foi revista para torná-lo mais macio.
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PREÇOS E MODELOS
Chassi-cabine simples, R$ 114,9 mil (4x4 e câmbio manual) – Direção hidráulica progressiva, ar-condicionado, coluna de direção com regulagem, medidor de economia de combustível, airbags frontais e para o joelho do motorista.
Standard 4×4 cabine simples, R$ 118,7 mil (dupla MT, R$ 131 mil) – Ambas com câmbio manual, acrescentam modos de condução eco e power e fixação Isofix para cadeiras infantis.
SR dupla, R$ 162.320 – A partir dela, todas são com câmbio automático de seis marchas. Soma vidros, travas e retrovisores elétricos, porta-luvas refrigerado, chave canivete, volante multifuncional e central multimídia com leitor de DVD, câmera de ré e rodas de liga leve de 17”.
SRV dupla, R$ 177 mil – Bancos de couro, controle de estabilidade, tração e reboque, painel TFT e central multimídia com navegador GPS e TV digital, controle automático de velocidade (piloto automático), faróis de neblina, ar-condicionado automático digital com saída para os bancos traseiros e tomada elétrica 220v, assistentes de reboque, subida de rampas e os controles de tração e estabilidade.
SRX dupla, R$ 188.120 – Top de linha, traz partida sem chave, faróis de LED com acendimento e nivelamento automático, luz diurna e rodas de 18 polegadas. Já a lista de itens de segurança inclui airbags frontais, laterais, de cortina e para os joelhos, assistente de descida em ladeiras.
DETALHES IMPORTANTES
– Porta-luvas refrigerado (a partir da versão SR)
– Tomada de 220v (versões SRV e SRX)
– Ar-condicionado digital com saídas para bancos traseiros (versões SRV e SRX, nas demais é analógico)
– Sistema GPS e TV digital (nas versões SRV e SRX)
– A SRX vem com rodas de 18”
PRINCIPAIS MUDANÇAS
– Suspensões tiveram curso aumentado e foram reposicionadas para evitar o chacoalho
– Motor ficou com torque muito mais forte em baixas rotações.
– Isolamento acústico do motor foi refeito (da cabine, o som do propulsor é quase imperceptível)
– Excelente painel de instrumentos e design interno bem mais atual
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O QUE OS DONOS DIZEM
Dono de uma SRX, o comerciante Franck Kato está em sua quinta Toyota. E o pecuarista Rui Goulart tem o que se pode chamar de doutorado sobre a Hilux: teve sete modelos – quatro a partir de 2005. Veja a opinão e as impressões deles sobre a linha 2016.
O comerciante Franck Kato, de Londrina, queria porque queria que sua quinta Hilux fosse preta – igual as outras que teve. Encontrou o veículo na Car House da Sertório, em Porto Alegre, e veio do Paraná buscá-la em dezembro.
– Depois que a gente monta numa Toyota, é muito difícil trocar. Não é por eu ser descendente de japoneses, é pela qualidade mesmo. Ela é fora de serie – assegura
.Em relação às anteriores, Franck viu diferenças:
– Não tem barulho, o torque é melhor e não chacoalha – diz o dono de uma SRX.Ele conta que chegou a viajar no banco traseiro para sentir a diferença e adorou as novas saídas de ar-condicionado. Perguntado sobre o que gostaria de mudar, o neto de japoneses admite:
– Ainda não achei. A cada viagem, a gente aprende um pouco mais. O câmbio automático é fácil de reduzir. Realmente estou maravilhado.
SÉTIMA
O pecuarista gaúcho Rui Goulart está na sétima Hilux – comprou uma SRX em janeiro e com ela rodou 5,2 mil km, contando uma viagem até Montevidéu.
– Já tive de várias marcas, mas pela durabilidade, para mim, a Toyota é a melhor – analisa.
Cuidador de estâncias da família em São Borja e Itaqui, Rui encara todos os tipos de terreno com o veículo. É no chão batido, para ele, que a Toyota se mostra mais confiável.
– Não vou dizer que a suspensão ficou melhor, pois para mim a 2014 era tão boa quanto essa. Mas melhorou em várias coisas, principalmente em tecnologia e conforto. A tela do kit multimídia está maior, e a picape ganhou ar-condicionado para o caroneiro e banco bipartido atrás. Gostei também que os retrovisores passaram a ser retráteis e das várias funções do volante, a gente tem todos os recursos na mão.
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O câmbio automático de seis marchas foi aprovado pelo consumidor, que conta fazer média de 9,6km/l na estrada a 110km/h. O torque mais forte também impressionou Rui. Ele conta que o único problema que teve até agora foi com a tampa da caçamba, que começou a fazer alguns ruídos de batida. Mas era apenas pneus muito cheios
.– Tive uma 2010 que só fui trocar a pastilha de freio com 110 mil quilômetros. O veículo é muito durável e não dá problemas, isso todo mundo já sabe.
“Preço horrível”
O pecuarista, que divide o tempo entre Porto Alegre e a fronteira, gosta tanto da cor preta que suas últimas quatro Hilux foram dessa cor. Com bom humor, ele só tem uma crítica:
– O preço é horrível.
No caso de Rui, que tem uma série de bonificações, o seguro anual do veículo custou R$ 5,8 mil. Mas o valor pode ficar bem mais alto, dependendo do local e da idade do condutor.
Gerente da Toyota CarHouse da Avenida Padre Cacique, Marcos Aurelio Flores reconhece que a crise afetou as vendas de qualquer veículo, mas garante que a aceitação da Hilux 2016 é muito boa:
– Ela mudou a categoria, pois tem a confiabilidade de sempre e com muito mais conforto. É isso que os consumidores mais têm elogiado.