Com o passar dos anos, é comum que a pele sofra modificações em função do processo natural de envelhecimento e da exposição ao sol ao longo da vida. Por isso, os idosos precisam ter cuidados redobrados, especialmente durante os meses de verão.
Rosemarie Mazzuco, médica dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia — Secção Rio Grande do Sul, explica que as alterações na pele começam a aparecer antes da terceira idade e vão se intensificando com os anos. Nas mulheres, por exemplo, é ainda mais precoce, pois no período da menopausa ocorre uma perda acelerada de sustentação e de proteção da pele.
— A partir dos 30 anos já ocorre perda de colágeno e de ácido hialurônico, que é o envelhecimento intrínseco e está relacionado à idade e ao envelhecimento da própria célula. Além disso, existe o que chamamos de fotoenvelhecimento, que é o envelhecimento provocado pela radiação solar, que causa uma alteração no DNA celular, principalmente em pessoas de pele mais clara — aponta.
Conforme a especialista, essa mudança no DNA celular começa ainda na infância e vai se somando ao longo das décadas, resultando em alterações na pele. Entre elas, cita a perda das fibras que sustentam a pele, como o colágeno, a fibra elástica e o próprio ácido hialurônico, que dão uma aparência de elasticidade, firmeza e hidratação mais profunda da pele.
Esse processo faz com que a pele vá afinando com o avanço da idade. A dermatologista Clarice Gabardo Ritter, que atua no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), comenta que, em geral, o órgão fica mais sensível e, por consequência, mais propenso a desenvolver intolerâncias e ressecamentos.
— Com o avanço da idade, vamos perdendo glândulas de suor e gordura naturais. Então, por fatores fisiológicos, a pele do idoso tende a ser mais ressecada naturalmente. Isso se soma à exposição crônica ao sol ao longo dos anos, que tem efeito cumulativo. Ou seja, o sol que pegamos na adolescência e fase adulta vai se manifestar mais tarde na vida, resultando em uma pele mais manchada e com mais tendência a lesões pré-câncer e de câncer de pele — alerta Clarice.
Cuidados necessários
Diante disso, as especialistas ressaltam que os cuidados com a pele devem ser redobrados na terceira idade. Segundo a dermatologista do HNSC, deve haver um reforço na nutrição do órgão, com o uso de cremes hidratantes, que ajudam a diminuir o ressecamento e os sintomas relacionados.
Clarice aponta que essa aplicação deve fazer parte da rotina do idoso, sendo realizada todos os dias, preferencialmente depois do banho, ainda com a pele um pouco úmida. Já a escolha do produto varia de acordo com as especificidades de cada pessoa:
— Se a pessoa não tem nenhum problema, como pele muito sensível ou alergias, eu diria que usar um hidratante é o mais importante. Mas se a pessoa tem a possibilidade de fazer uma avaliação para escolher um creme específico, melhor.
Além da hidratação externa, a especialista recomenda aumentar o consumo de água no verão — já que pessoas mais velhas desidratam com maior facilidade — e adotar uma dieta equilibrada, rica em frutas e verduras.
Também é preciso evitar ficar muito tempo exposto à água do mar ou da piscina, em função do sal e das substâncias químicas e alcalinizantes presentes, acrescenta Rosemarie. Após o contato, a presidente da SDB-RS orienta que a pessoa lave a pele. Entretanto, enfatiza que não é indicado utilizar esponjas ou sabonetes que gerem muita espuma ou tenham muito perfume.
— É contraindicado o uso de esfoliante, porque a pessoa já não tem uma proteção adequada da pele e acaba tirando a que ainda tem. E o sabonete deve ser um que faça o mínimo de espuma possível. Orientamos normalmente o uso de géis de banho, pode ser até de bebê, principalmente nos braços e pernas, que é onde a pele fica mais seca e fina — diz a médica.
Usar filtro solar com FPS acima de 30 na quantidade adequada e outros itens de proteção, como chapéu, roupas e óculos de sol, bem como evitar exposição ao sol no horário das 10h às 16h também são cuidados considerados fundamentais, aponta Clarice.
Atenção aos sinais e pintas
As especialistas destacam, ainda, a necessidade de ficar atento às alterações em sinais e pintas, bem como em outros pontos que possam indicar lesões pré-cancerosas ou câncer de pele. Rosemarie comenta que, embora as manchas sejam comuns na terceira idade, em função da exposição solar prolongada no decorrer dos anos, é preciso considerar a possibilidade de indicarem neoplasias.
— Deve-se prestar muita atenção nessas pintas, nas lesões vermelhas, pretas, marrons, que têm casquinhas, se modificam ou aumentam de tamanho, ou as que você não tinha antes e agora começou a observar. Ao identificar esses sinais de alerta, é indicado procurar um médico dermatologista — frisa a presidente da SDB-RS.