Quando se fala em Luiz Felipe Scolari, duas imagens aparentemente paradoxais vêm à mente. A primeira é do ex-zagueiro durão que manteve a postura rígida e enérgica quando se tornou treinador, não poupando gestos e reclamações, seja contra quem for. A outra mostra um harmonizador de ambientes, alguém que conquista jogadores no convívio do dia-a-dia, chegando a chamar de família o seu grupo de trabalho. A partir daí, é possível prever o que ele fará a partir de sua apresentação nesta sexta-feira (9).
Felipão chegará no vestiário já sabendo quais são os líderes, quem se afina com quem, se há divisão em grupos de acordo com a idade, enfim, o que é verdade e o que é lenda do que vem se falando. Mesmo com todas estas informações, não contem com um discurso com ameaças, intimidações ou mudanças radicais na equipe.
Com o pouco tempo que tem para o primeiro jogo, pelo fato de ser um Gre-Nal e já sabendo que não contará com os dois titulares que foram para a seleção olímpica, revolucionar a equipe é um caminho rápido para um fracasso na partida e comprometedor para o futuro. Não haverá o popular "ponta-pé na porta" que muitos preconizam sem saber das mazelas da convivência no futebol.
Num primeiro momento, até para diminuir a tensão, entrará o lado conciliador de Luiz Felipe, ainda que não vá propor o surgimento de uma nova "família Scolari". Ele precisará se render à base de equipe que vinha jogando pois não tem como modificar sem um entrosamento mínimo.
Também fará assim para não criar descontentamentos ou desconfianças, comuns quando alguém chega para comandar e sai modificando tudo. É de se apostar em uma ou duas trocas de jogadores no time, quem sabe tendo uma alteração tática com três zagueiros ou três volantes. Além disso, não se espere ruptura com atletas mais experientes nesta etapa inicial. A aposta para o Gre-Nal será antes na atitude para, a partir dela, transformar o lado técnico.