Se o Grêmio conseguiu a tão esperada "decolagem" prevista por Renato, dez entre dez tricolores apontam que um dos motivos está na recuperação de Jean Pyerre e a ocupação de uma lacuna que estava sem o devido preenchimento desde que Luan deixou de ser o Rei da América.
Houve, porém, um momento em que esta solução esteve ameaçada pelo assédio externo. Em setembro passado, em meio a mais uma parada por lesão do jogador e no auge da carência de um articulador, o Palmeiras quis oferecer três atletas e mais os direitos em definitivo de Diogo Barbosa para ter Jean. Valeu a convicção do presidente Romildo Bolzan, e a negociação nem começou.
Naquele momento, não era absurdo pelo menos examinar uma oferta que incluía nomes como Raphael Veiga, Gustavo Scarpa e Rony em troca de um jovem que sempre demonstrou grande potencial, mas que em um ano não fechava dez atuações completas.
Além disso, Jean Pyerre carregava a desconfiança dos que o consideravam por vezes desligado do jogo e daqueles que viam a ameaça do problema muscular na coxa direita se tornar crônico. Romildo bancou a permanência ao sequer sentar-se à mesa com os palmeirenses. Tempos depois, consultado sobre a busca de um armador no mercado, falou sem titubear que "o articulador já estava na Arena, mas que o clube poderia contratar outro".
O dirigente tinha companhia ao decidir manter Jean Pyerre. Mesmo tentado pelas circunstâncias e pela carência no setor, o torcedor em sua maioria concordou com a decisão tomada. Este crédito por certo foi levado a Jean Pyerre nas conversas importantes que o jogador teve com Renato Portaluppi.
O técnico tratou de colocar para o atleta o que ele deveria, pelo seu futebol, passar a ser na equipe. Ali certamente estiveram motivos técnicos, orientações pessoais e boa dose de compreensão para dramas vividos pelo jogador. A combinação está dando certo e valorizando sobremaneira a negativa veemente de Romildo Bolzan diante daquela pretensão do Palmeiras.