Roberto Vieira Gonçalves, 32 anos, trabalhou mais de uma década como motoboy autônomo. Seus clientes eram comerciantes do centro de Canoas. Com a pandemia, a maioria fechou as portas. Os meses foram passando e as cotas se acumulando.
— Aí tentei resolver meus problemas da pior forma — conta Roberto.
Condenado por roubo, ficou oito meses no presídio e mais cinco no regime semi-aberto. Foi aí que surgiu a oportunidade.
— Depois de 45 dias no semi-aberto, comecei a trabalhar no projeto da prefeitura de Porto Alegre Sementes do Bem — explica.
A iniciativa utiliza mão de obra do sistema prisional para cuidar de parques e praças da cidade. Para cada três dias trabalhados, há a redução de um dia de pena, além de um salário mínimo mensal. Roberto chamou a atenção por trabalhar bem.
No dia 22 de outubro, conquistou sua liberdade condicional. No dia 18 de novembro, começou a trabalhar na Cootravipa, empresa que presta serviços à prefeitura na conservação de locais públicos.
— Graças à Deus tive essa oportunidades, estou muito feliz e só tenho a agradecer por tudo — comemora Roberto.
— Todos que estão nessa situação em que eu já estive , abracem essas oportunidades — aconselha.
Para tanto, é preciso que elas existam. No sentido mais amplo, a pena deveria ter três funções: castigar quem errou, servir de exemplo para que os outros não errem e buscar a ressocialização do condenado. Sem esses três pilares, o sistema é ineficiente. Não é uma questão ideológica, mas de bom senso social e econômico.
Responsável pelo Sementes do Bem, o secretário municipal de Serviços Urbanos de Porto Alegre, Marcos Felipi Garcia, comemora esse resultado concreto. Tanto, que a iniciativa deve se estender agora ao Madre Pelletier. A ideia é que as detentas façam floreiras a partir da pellets reciclados.