A lotação das UTIs empurrou boa parte do Rio Grande do Sul para as bandeiras vermelhas. A disponibilidade de leitos de terapia intensiva é uma das principais variáveis que define a abertura ou o fechamento das atividades econômicas, educativas, culturais e a ocupação dos espaços públicos.
Por isso, do ponto de vista tanto das finanças públicas quanto da garantia do emprego, manter UTIs vazias é o melhor investimento que os governos poderiam fazer agora. Isso, é claro, não exclui a necessidade de manter os cuidados de distanciamento, higiene e isolamento, nos casos em que isso é possível.
Disponibilidade de UTIs significa empregos e impostos. Não é fácil abrir esse tipo de vagas nos hospitais. Primeiro, pela falta de pessoal especializado. Depois, porque outros pacientes, especialmente de cirurgias mais complexas que estavam represadas, chegaram no limite da espera possível. Depois, pela falta de verbas.
Há inclusive, em algumas cidades do Interior, leitos de UTI que foram desmobilizados quando a pandemia deu sinais de recuo alguns meses atrás. No emaranhado de financiamentos municipais, estaduais e federais, fica impossível, muitas vezes, remontar o quebra-cabeças econômico que possibilitava o nível de atendimento alcançado em junho e julho.
Por mais paradoxal que pareça, precisamos de mais UTIs, para que elas, tomara, fiquem cada vez mais vazias.