O boicote cresce e com ele morre um sonho. A praça virtual onde todos se encontram sem mediação e sem leis era remédio. Virou veneno. Dezenas de empresas mundo afora estão cancelando anúncios no Facebook. Milhões de pessoas estão parando de postar e ler. E aqueles que continuam, o fazem sem o mesmo entusiasmo de antes – sou um deles. A plataforma parou de servir aos propósitos das marcas quando uma onda planetária contra o discurso de ódio ganhou dimensões gigantescas.
Era uma utopia bonita: a autorregulação popular, sem autoridade e sem filtro. Uma festa open bar sem porteiro e sem precisar de convite, na qual cada um era responsável pelos seus atos. Acabou em porre coletivo. Porre de racismo, de ódio, de terrorismo, de desinformação, de manipulação eleitoral, de mentiras, de ignorância e de práticas comerciais mentirosas. O Facebook diz que entrega conteúdos de graça, mas na verdade ganha dinheiro retirando informações de seus usuários sem que eles entendam direito como.
Mas o naufrágio do Facebook nos deixa uma lição. Nós, seres humanos, precisamos de regras. E de autoridade. Regra não é ditadura. Ao contrário. Disciplina é liberdade, vocês devem lembrar da música. Autoridade não é autoritarismo. É a segurança de que a democracia vale para todos.
Para sobreviver, o Facebook só tem agora um caminho. Ficar cada vez mais parecido com aquilo que, primeiro ingenuamente e depois com propósitos econômicos, se propunha a combater: regras editoriais, responsabilidade sobre o que publica e, principalmente, nomes e sobrenomes verdadeiros e públicos.