Sou a favor da cloroquina. Seria muita prepotência ser contra um remédio testado e aprovado. Sou a favor da cloroquina, desde que usada quando realmente funciona. Não é o caso da covid-19, pelo menos até agora. Pode ser que algum estudo futuro mostre algo desconhecido. Mas, por enquanto, nada indica que ela tenha efeitos concretos contra o coronavírus.
Ouço defensores da ampla, geral e irrestrita prescrição do polêmico remédio argumentando que muitos pacientes tratados com ele se curaram. É verdade, como também é verdade que, em nenhum deles, ficou provado que a melhora foi causada pela cloroquina. Conversei com um médico que, lá atrás, fez várias tentativas, todas amparadas pela ética e pela lei, para salvar uma pessoa contaminada que, efetivamente, se salvou. O especialista me disse que tentou várias drogas e que não sabe qual delas – ou se alguma delas – realmente colaborou.
Então, o fato de alguém ter tomado cloroquina e ficado bom não significa muito, nesse contexto de tantas dúvidas e poucas respostas. É sabido que esse medicamente tem efeitos colaterais perigosos e que a imensa boa parte dos médicos parou de receitá-lo. Não é proibido indicá-lo. Mas seria mais produtivo se, em vez de ficarmos brigando para ver quem tem razão, ouvíssemos quem entende do assunto. E, se daqui a pouco ficar provado que esse tratamento faz mesmo efeito, quero ser o primeiro a publicar um texto celebrando esse grande avanço no combate à covid-19.