Mais uma vez, o vilão mostrou suas garras. Ele não tem coração, nem dó. Impõe sofrimentos e continua impune, longe do alcance da ira dos cidadãos que prejudica. Um tsunami de mensagens com informações erradas foi disparado pela CEEE aos seus clientes. Todos queriam apenas uma orientação: a hora em que a energia seria restabelecida. O planejamento do caos dependia da resposta. Se o SMS dissesse que demoraria uma hora, o rumo seria um. Se avisasse que a espera seria de 12 horas, o caminho seria outro. Tentar acomodações na casa de um parente e levar junto, por exemplo, a comida que estragaria.
A CEEE, cujos colaboradores se desdobravam nas ruas para tentar fazer a vida voltar ao normal, não foi sequer capaz, na falta de luz elétrica, de ter clareza na comunicação. Ouvi entrevistas sobre o assunto na manhã seguinte. E é louvável que os servidores se apresentem para dar explicações, o que, de fato, aconteceu. Mas aí, de novo, descobrimos que o culpado pelos erros foi, mais uma vez, ele, o inimigo número um dos cidadãos de bem: o sistema. Nós, consumidores, sabemos bem como isso funciona. A incompetência tem costas largas e se esconde atrás de um biombo de sete letras.
O sistema não deixa, o sistema falhou, o sistema está fora do ar, o sistema obriga, o sistema pede, o sistema condiciona, o sistema trava. Ele é difuso, não tem rosto nem ocupa lugar no espaço, mas é onipresente. Como se, em algum momento, alguém não tivesse o inventado e o programado para, depois, outro alguém escolhê-lo e comprá-lo – no caso, com recursos públicos.
O sistema é a desculpa perfeita. E não adianta ir para as redes sociais e para as ruas gritar "abaixo o sistema".
Quando ele cai, falta luz.