O Mercado Público de Porto Alegre já é, de certa forma, privado. Lá existem bancas e restaurantes que pagam aluguel e cobram de seus clientes. O que se discute, agora, é se a prefeitura de Porto Alegre deve ou não continuar como o ente capitalista controlador do empreendimento. Nesse debate, mais uma vez, os argumentos são tortos e direcionados a defender interesses específicos.
Um dos temores alardeados é o de que os atuais comerciantes seriam expulsos em função de um eventual aumento de aluguel. Ora, é só dar uma volta pelos shoppings e pelas ruas de Porto Alegre para concluir, em cinco minutos, que sobram espaços comerciais. Elitizar o Mercado? Impossível. Pela localização e pela tradição, se o novo empreendedor privado resolvesse mudar radicalmente o perfil da oferta, quebraria na hora. Mudança ampla de lojas e de serviços? É impossível imaginar o Mercado de Porto Alegre sem o Gambrinus. Sem a Banca do Holandês, sem a Banca 40. Sem as religiões afro-brasileiras. Aliás, se eu fosse dono do Gambrinus, cobraria cachê para ficar. Mercado sem Gambrinus não é mercado.
O que se discute, de fato, é se a combalida prefeitura deve investir R$ 40 milhões no local para melhorá-lo ou se alguém que entende mais do assunto pode assumir a gestão, com todos os riscos e possibilidades envolvidos. Há espaço para melhora e, nesses processos, ajustes devem ser feitos. A prefeitura tem temas mais importantes com os quais se preocupar. É só olhar para Porto Alegre e ver