Sigo firme no meu esforço de jogar golfe. Evoluí, mas ainda falta um bocado. Enquanto não chego, me divirto com as maravilhas do caminho. No campo onde pratico, habita uma profusão de plantas e de animais.
Outro dia, três enormes ratões do banhado assistiam a mais uma tentativa de vencer 120 jardas em linha reta. Mas o mais exótico morador daquele ecossistema é o ganso do buraco 11. Creio que a convivência tão próxima aos humanos gerou complicações psíquicas no pobre animal. Porque, frequentemente, ele se posta exatamente na linha de tiro da bolinha. Outro dia tive de espantá-lo balançando o taco no ar. Ele pouco se moveu.
Fica ali, desfrutando do patológico prazer do perigo. Que se multiplica com a minha mira randômica. Notei, das últimas vezes, uma mudança no seu padrão de comportamento. Quando me vê, automaticamente, se move bem para o lado. Parece me reconhecer.
O ganso do buraco 11 é louco, mas não é burro.