As queimadas no Rio Grande do Sul não têm relação com o desmatamento, como na Amazônia, mas também atingem números elevados em 2019. Dados do Inpe mostram que o mês passado teve o segundo maior registro de focos para agosto desde o começo da série histórica, iniciada em 1998. Foram 1.647 casos detectados, abaixo apenas do observado em 2003 (2.728). A quantidade é ainda mais do que o dobro de agosto do ano passado. Em junho e julho, os casos também foram bem superiores aos mesmos meses de 2018.
No Estado, o uso da queimada em campo nativo é uma prática considerada tradicional, principalmente na região dos Campos de Cima da Serra. E nesta época, devido ao final do inverno. Uma lei de 2012 disciplinou o tema. Os municípios passaram a poder emitir licenças para a utilização do fogo no manejo de pastagens, sob certas condições.
A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado tem algumas hipóteses sobre o aumento das queimadas. Uma delas seria relacionada à grande incidência de geadas na atual estação, que seca o pasto e o torna menos apetitoso para o gado. Assim, os proprietários queimam a vegetação, para facilitar o rebrote da pastagem. Outra possibilidade é o controle de um inseto que é praga nas florestas cultivadas de acácia. Fora destas possibilidades, é um ato ilícito, admite a pasta, que não contesta o monitoramento do Inpe e o usa como fonte oficial de informações.
Os números seguem elevados em setembro. Apenas nos primeiros quatro dias, foram 99 focos detectados. Ano passado, 222 durante todo o mês.