O arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Spengler, está preocupado com os jovens. Em conversas com pais e diretores de escolas, Dom Jaime viu uma luz vermelha se acender. De acordo com o religioso, a automutilação - cortes na pele, majoritariamente - atingiu índices alarmantes entre nós. Não é piercing, nem tatuagem, esclarece. É algo mais grave e que precisa de atenção urgente da sociedade.
Procurada pelo Informe Especial, a psicóloga e psicanalista Cátia Mello confirma que a automutilação dos jovens é um fenômeno que vem adquirindo novas dimensões. Para ela, cortar a si mesmo é uma alternativa para tentar substituir dores emocionais geradas pela pressão, pelos maus tratos dos colegas, pela frustração e pela tristeza. “Antes, quando ficava com raiva, o adolescente batia a porta do quarto”, observa. Cátia recomenda que, quando observado, esse comportamento deve ser avaliado e tratado com a ajuda de especialistas.
O tema já mereceu a atenção de Brasília. No começo do ano, a Câmara aprovou um projeto de lei do gaúcho Osmar Terra – deputado licenciado para assumir como ministro. O texto “determina a notificação compulsória, pelos estabelecimentos de saúde, dos casos de violência autoprovocada, incluindo tentativas de suicídio e a automutilação”. Dom Jaime define com uma frase o diagnóstico dessa realidade preocupante: " Temos uma hoje uma legião de órfãos que têm pais vivos".