O mais importante ministro do novo governo, até agora, veste rosa. Não é um menino. É uma menina. Damares Alves é a campeã em citações, tuítes e memes nesses primeiros dias de gestão. Apareceu mais do que qualquer um, pelos motivos errados.
Os dois pontos altos dessa jornada rumo ao sucesso foram declarações sobre uma suposta aparição de Jesus em uma goiabeira e outra sobre gêneros – menina veste rosa, menino veste azul. Só para dar um exemplo, uma busca na internet pelos termos “Jesus na goiabeira” apontou 594 mil resultados. “Fusão Embraer e Boeing”, 233 mil.
Reitero aqui meu respeito pela fé da ministra, bem como pelas suas opiniões. Escrevi poucos dias atrás que Damares tem todo o direito de vestir seus filhos da cor que quiser. O que ela não pode – e o que não cogitou fazer, até agora - é tentar impor a sua paleta aos filhos dos outros.
Alvo da pegação de pé da galerinha online, dos ressentidos e dos falsos defensores da pluralidade, Damares vem servindo como escudo para seus colegas de governo. Apanha por muitos. Graças aos seus posicionamentos – que são criticáveis, mas legítimos – ocupa espaço que poderia estar sendo usado para análise e para outros temas, até menos favoráveis ao governo.
Damares é o bode expiatório da Explanada dos Ministérios. Mulher e evangélica, é o saco de pancadas dos quem não viram, mas não gostaram. Ela e o chanceler Ernesto Araújo. Para falar sobre ele, aí sim, seriam necessárias mais do que apenas algumas linhas.