Os eleitores de Bolsonaro têm duas grandes motivações. Uma, relacionada às características do próprio candidato. A outra, ligada ao desejo de impedir que Lula e o PT voltem ao poder.
A coincidência de resultados das pesquisas eleitorais aponta para uma polarização entre Haddad e Bolsonaro. Mostra também que o petista bateria o ex-capitão, com boa margem, em um eventual segundo turno. É aí que surge o espaço possível de mudança no quadro que vem se consolidando nas últimas semanas.
Se Bolsonaro, com a maior rejeições entre todos, perde para o PT no confronto direto, os radares do anti-petismo, que só pensam em impedir que Lula e Haddad vençam, podem se voltar para candidaturas com maior poder de fogo no segundo turno.
Impossível prever se esse movimento se realizará, mas é o único capaz de alterar o rumo atual dos fatos. Quem vota em Haddad tem sua preferência consolidada. Não mudará, a não ser que Lula enlouqueça e resolva virar tucano. Quem vota em Bolsonaro porque gosta dele também não o abandonará. Mas os anti-petistas, que escolhem o ex-capitão por entender que ele é a única opção para evitar a volta do PT ao poder, podem fazer a diferença neste cenário ao escolherem um novo candidato para enfrentar Haddad no mata-mata.
Não chega a surpreender que, mesmo antes do segundo turno, o “voto do não” possa definir para que lado penderá a balança. É o resultado de ódios construídos há décadas e de um caldo de intolerância com vários ingredientes. Entre eles, os equívocos de Lula e o anti-petismo apregoado por Bolsonaro, que tem agora o seu próprio discurso contra o PT como único eventual obstáculo para o seu projeto de poder.