
Amanhã completa um ano que a água do Guaíba invadiu o centro de Porto Alegre e foi se esparramando por diferentes regiões, naquele cenário que parecia filme de catástrofe. Faz um ano que o Aeroporto Salgado Filho suspendeu as operações porque a água invadiu a pista e o terminal de passageiros. O que parecia ser o ápice da enchente era só início do pesadelo para cidades da Região Metropolitana.
O Salgado Filho ficou fechado de maio a outubro. Precisou passar por uma reforma profunda, financiada com recursos próprios, do BNDES e do governo federal.
As obras públicas, no entanto, ainda patinam. E não é por falta de dinheiro.
Os diques que a prefeitura de Porto Alegre já deveria ter recuperado estão longe da conclusão porque sequer foi possível remover as famílias irregularmente instaladas na área. Uma decisão judicial impediu a remoção dos que não concordam com o valor oferecido por suas casas.
Se chover de novo, e não precisa ser tanto quanto foi em 2024, várias regiões vão alagar de novo.
O secretário da Reconstrução, Maneco Hassen, e o ex-ministro Paulo Pimenta, que ocupou o ministério por seis meses, apresentaram nesta quinta-feira, no Gaúcha Atualidade, um levantamento de tirar o sono sobre o atraso nas obras. O dinheiro está lá, empenhado, mas não pode ser liberado porque os municípios ainda não fizeram os projetos de reconstrução de pontes, escolas e unidades básicas de saúde. A liberação dos primeiros 30% ocorre no momento da assinatura dos contratos. O restante, de acordo com o ritmo de execução da obra.
Obras de prevenção estão atrasadas
Previstas ainda no governo de Dilma Rousseff, as obras de prevenção às cheias em Eldorado do Sul e na região banhada pelo Arroio Feijó estão atrasadas. Em vez de atualizar os projetos daquela época com as empresas que os elaboraram, dispensando a licitação, o governo estadual optou por uma nova licitação.
Não se trata de projeto novo, mas de atualização. O edital de Eldorado do Sul recém foi publicado. O do Arroio Feijó ainda está em fase de estruturação. A licitação para as obras não sairá neste ano. E a construção dificilmente começará em 2026.