Em sua 56ª edição, a Vinitaly é o templo do vinho italiano desde 1967. Tudo nela é superlativo. Em 12 pavilhões, cada região da Itália mostra o que tem de melhor a compradores do mundo inteiro.
Em cada estande, dezenas de vinícolas oferecem seus produtos para degustação. Por eles, circulam milhares de pessoas (neste ano de 14 a 17 de abril). Mas não é uma feira só para compradores: amantes do vinho podem comprar ingresso e experimentar quantas amostras quiserem.
É, também, uma festa para os bares e restaurantes de Verona, que ficam lotados de estrangeiros. Os apreciadores de vinho podem comprar uma taça, que carregam numa bolsinha pendurada no pescoço, e recarregar em pontos específicos do centro da cidade.
Há, ainda, festas ao ar livre como parte da programação, e outras em ambiente fechado que se estendem pelas madrugadas nesta primavera que começou mais quente do que costumam ser os meses de abril na Itália.
Videiras nas alturas
À primeira vista você olha o papel de parede que decora o estande da Vinícola Magliulo, na Vinitaly, e tem a impressão de que o homem no alto da escada está em um pé de plátano.
Ilusão de ótica: é uma videira alta e o trabalhador com um cestinho está colhendo uvas (sem qualquer equipamento de proteção individual). Essa técnica, de fazer a videira subir em vez de se espalhar na horizontal, vem sendo usada cada vez mais na Itália, para aumentar a produtividade em pequenas propriedades.
Comentário do deputado Guilherme Pasin (PP):
— Se fosse no Brasil, essa vinícola não sobreviveria. O Ministério Público do Trabalho não deixaria.
Daniel Panizzi, diretor da Don Giovanni, de Pinto Bandeira, concorda com Pasin. Diz que a legislação italiana é bem mais frouxa do que a brasileira, seja em matéria de proteção trabalhista, seja nas normas sanitárias.
A propósito, a Real Delizia, Asprino Aversa Spumante DOC, que o governador e seus acompanhantes degustaram no estande da Magliulo, é uma delícia mesmo.
Exemplo a ser seguido
Nos restaurantes de Verona, o preço do vinho não é muito diferente das lojas especializadas. É incomum a aplicação de um ágio de 300% ou 400% como se vê em alguns restaurantes brasileiros.
Com a autoridade de quem comanda uma das vinícolas mais importantes do Estado, a Casa Valduga, João Valduga se incomoda com esse sobrepreço e avalia que está aí um dos empecilhos para o vinho se tornar mais popular. Ele mesmo já viu garrafas que custam R$ 50 para o restaurante serem vendidas a R$ 200 ou mais na serra gaúcha.
Versão brasileira
O Rio Grande do Sul também tem a sua versão da Vinitaly. É Wine South America, que neste ano se realiza nos dias 3 a 5 de setembro, em Bento Gonçalves.
A Wine South America é uma espécie de franquia da Vinitaly, organizada pela Milanez & Milaneze, empresa do grupo Veronafiere, que organiza a exposição no Rio Grande do Sul.
O diretor Marcos Milanez Milaneze explica que é uma versão mais modesta, mas com o mesmo espírito da Vinitaly, e reúne vinícolas de 20 países. A expectativa é receber mais de 7 mil compradores de todas as regiões do Brasil e de mais de 10 países que irão a Bento Gonçalves conhecer a qualidade e a diversidade do vinho nacional.
A Wine South America está na quinta edição. Informações no site winesa.com.br