Na conversa em que discutimos a pauta do Gaúcha Atualidade da quinta-feira passada (8) decidimos que, como o programa seria especial, apresentado do Largo Glênio Peres, era preciso sair do comum sem fugir da sua essência, o jornalismo. O Timeline levaria os Fagundes, certeza de sucesso com o público, mas e nós, que não temos tradição musical? Quando sugeri no grupo de WhatsApp que convidássemos o Borghettinho, vi que pouco antes Kyane Sutelo, nossa competente produtora, tinha dado a mesma ideia.
Achava que seria difícil o artista aceitar um convite de última hora, mas Borghettinho topou. Não era um convite só para encantar os ouvintes com sua gaita ponto, mas para falar de um projeto social que faz a diferença na vida de meninos e meninas, a Fábrica de Gaiteiros. Abri o programa dizendo que, na minha opinião, o Rio Grande do Sul tem três gênios no mundo das artes e que um deles estaria conosco naquela manhã.
Entrevistamos o governador Eduardo Leite sobre dois temas urgentes, a dengue e o corte de incentivos fiscais, e a Andressa Xavier disse que se ele ficasse mais um pouco poderia tocar pandeiro com o nosso convidado especial. Leite tinha compromisso, mas Borghettinho chegou bem acompanhado, com Neuro no violão e Pedro no bumbo leguero.
Ao vivo, deixei a timidez de lado para me declarar fã do gaiteiro, a quem admiro desde que era um adolescente tímido com aquele cabelão escondendo metade do rosto. E pedi para trocar de lugar com a Giane Guerra, que estava na cadeira ao lado do convidado. Trocamos e a Andressa me permitiu apresentar o artista genial. Disse então que os outros dois são o escritor Luís Fernando Verissimo e o violonista Yamandu Costa. Claro que cada ouvinte tem suas escolhas, mas esse é o meu trio entre os artistas vivos do Rio Grande do Sul.
Borghettinho, como sempre, fez misérias na gaita ponto. Encantou os ouvintes que formavam nossa plateia ao ar livre e reforçou em mim a convicção de que, além de gênio da música, é uma pessoa especial. Quem quiser conhecer mais sobre ele vai encontrar tudo na biografia escrita pelo jornalista Márcio Pinheiro. Ele falou com brilho no olho da Fábrica de Gaiteiros e no fim entrou na brincadeira de trocar a boina por um boné da Rádio Gaúcha, para celebrar o aniversário da nossa velhinha mais querida. No ar, deixei o convite para Yamandu tocar nos 98 anos. E com o maestro Evandro Matté, combinei que no centenário teremos a Ospa. De preferência, com Borghettinho e Yamandu como convidados especiais.