Não tenho superstições na virada do ano, exceto a de usar roupa branca, porque me remete à paz. Por trabalhar no dia 1º a cada dois anos, por causa das posses presidenciais, a virada dos anos pares já me encontra no segundo sono. Acordo com o barulho de fogos e volto a dormir porque no dia seguinte preciso estar inteira para o trabalho. Nossa “ceia” de Ano-Novo costuma ter lentilha, carne de porco, farofa e espumante, mas é servida lá pelas 20h.
Acho que nunca pulei ondas à meia-noite. Já comi romã na casa de amigos, em anos ímpares, mas nunca tratei a virada de ano como uma ruptura em que tudo de ruim fica para trás e restam apenas nossos desejos de prosperidade. Falta-me paciência para o esoterismo. Prefiro acreditar que colhemos no ano que chega (e nos seguintes) o que plantamos ao longo da vida.
Não acredito em castigo divino nem em prêmios compensatórios por gestos de humanidade. Há os perrengues que são resultado das nossas escolhas e os aleatórios, como as doenças e os temporais. Confio na ciência e na preservação do ambiente que nos foi dado para viver. Por isso planto árvores, convencida de que o mundo precisa de verde.
Mesmo não cumprindo os rituais, gosto de tornar públicos meus desejos, de abraçar os que me são caros e de receber votos de saúde, amor e paz. Saúde é o que desejo em primeiro lugar. E que não nos falte coragem para enfrentar os desafios o próximo ano.
Como neste ano não tem posse, trabalhei no Natal e folgo no Ano-Novo. Emendo alguns dias de férias e retorno em janeiro, com a alma banhada de sol. Por esses dias vou respirar outros ares, navegar outros mares e pintar mais uma manchinha no mapa das viagens.