Um empresário discreto e muito bem-sucedido, que opera em um ramo completamente diferente da educação, resolve comprar o prédio de uma escola tradicional que irá a leilão porque faliu. Comprar para manter como escola, revitalizada, moderna e sintonizada com as necessidades do século 21. Essa poderia ser a sinopse da história de algum empresário americano, dada a tradição de ajudar as universidades e escolas em que estudaram. Mas não é. Essa história está debaixo do nosso nariz, ali no Planalto Médio, e precisa ser contada e recontada pelo seu significado.
O empresário é Erasmo Carlos Battistella, maior produtor de biodiesel da América Latina, e a escola que ele comprou em outubro do ano passado é o Instituto Educacional de Passo Fundo (IE). Comprou para preservá-la, não para construir um edifício de 30 andares atrás da fachada tombada. O prédio histórico foi recuperado e, na tarde deste domingo (13), será entregue revitalizado à comunidade. Uma notícia dessas precisa ser cantada aos quatro ventos para servir de inspiração.
A reinauguração do IE, a partir das 16h, terá uma série de atrações para crianças, música ao vivo, visitação guiada, espaço do ex-aluno e muitas surpresas. Mas o mais importante é o que vem depois: uma escola que deve orgulhar os passo-fundenses. Quando anunciou a intenção de participar do leilão para comprar o Instituto de Educação, que estava em recuperação judicial, o ECB Grupo divulgou uma nota dizendo que o objetivo era "dar continuidade à operação, mantendo a escola aberta e funcionando, com a revitalização do plano político pedagógico, manutenção dos valores institucionais e agregação de atividades que venham a beneficiar um ensino de qualidade, focado em conceitos de formação integral do cidadão e com múltiplas linguagens".
O ECB venceu o certame e a escola, bilíngue, haverá de formar profissionais para diferentes áreas, um projeto que conversa com a política educacional da prefeitura de Passo Fundo, orgulho do prefeito Pedro Almeida e de3 seu antecessor, Luciano Azevedo, que devem participar da inauguração.
Esse exemplo de orgulho gaúcho (com o perdão pelo bairrismo) contrasta com o que se viu em Minas Gerais na semana passada. O governador Romeu Zema, empresário bem-sucedido, reeleito no primeiro turno, foi participar do podcast Pauta Quente, gravado na Rádio Minas. Ao final, o apresentador Flaviano Cunha presenteou o governador com um livro de 150 poemas da escritora mineira Adélia Prado, e disse saber que Zema "lia muito".
— Ela trabalha aqui? — perguntou Zema, como se o nome Adélia Prado não lhe dissesse nada.
