Após a publicação do texto mostrando que nenhum vereador de Porto Alegre havia renunciado de fato ao aumento salarial de 14,79%, o gabinete de Kaká D´Ávila (PSDB) entrou em contato com a coluna e informou que providenciou na tarde desta terça-feira (27) a devolução do reajuste relativo a junho, julho, agosto e setembro. O valor devolvido aos cofres públicos é de R$ 1.235,00 por mês — R$ 4.940,00 no total. A cifra referente a maio já havia sido repassada de volta ao Tesouro municipal.
O valor de R$ 1.235 devolvido aos cofres públicos equivale ao excedente do que Kaká recebia, líquido, até o reajuste.
A assessoria do vereador disse à coluna que havia sido informada de que o desconto seria automático, pois o parlamentar não assinou manifestação para receber o reajuste. A equipe de Kaká justificou que os quatro pagamentos não tinham sido feitos até esta terça por "um descuido administrativo", considerando que o vereador está em atividades de campanha para o cargo de deputado estadual.
À época do reajuste, em maio, o presidente da Câmara, Idenir Cecchim (MDB), tentou criar um mecanismo pelo qual os vereadores teriam de manifestar se queriam ou não receber o aumento. Para não receber, bastaria silenciar. A manobra de Cecchim era uma espécie de "vacina contra a demagogia" para constranger os vereadores que criticam os reajustes de vencimentos em público, mas usufruem deles no privado. Dos 36 parlamentares da Câmara, 12 não formalizaram o pedido e ficariam sem o reajuste.
Entretanto, quando chegou o momento de rodar a folha, os técnicos da Câmara constataram que não seria possível discriminar os vereadores que haviam comunicado o desejo de receber o aumento daqueles que não se manifestaram. Ou seja: legalmente, não seria possível pagar o salário corrigido de R$ 16.729,24 a dois terços dos vereadores e o valor antigo de 14.573,78 para os outros 12 legisladores.
Até o momento, nenhum vereador além de Kaká devolveu o aumento.