O desfile de 7 de Setembro em Brasília foi de celebração dos 200 anos da Independência, com demonstrações de poder militar e participação de milhares de pessoas empunhando bandeiras verde-amarelas. No palanque oficial, o presidente Jair Bolsonaro comportou-se como chefe do Poder Executivo, isolado pelos presidentes dos outros poderes.
Na falta do senador Rodrigo Pacheco, do deputado Arthur Lira e do ministro Luiz Fux, Bolsonaro colocou no lugar de honra o empresário Luciano Hang, dono da Havan, trajado de verde e amarelo, como faz desde 2018. A seu lado, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ministros, autoridades militares e estrangeiras.
Encerrado o desfile, Bolsonaro despiu a faixa de presidente e incorporou a persona de candidato. No trio elétrico, falou para os apoiadores aglomerados na Esplanada dos Ministérios e voltou a empregar o termo "imbrochável" para se autodefinir. Usou a figura do bem contra o mal, chamou a esposa Michelle de "princesa" e a comparou a outras primeiras-damas, insinuando que seria a única virtuosa entre as mulheres dos presidentes:
— A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro. Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós. Vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil. Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir, uma família de Deus, família e ativa na minha vida.
E acrescentou:
— Procure uma mulher, uma princesa, se casem com ela e sejam felizes ainda. Obrigado pela minha segunda vida, pela minha missão.
Bolsonaro não fez ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal, mas deu a deixa para que o público vaiasse a instituição.
Mais cedo, em café da manhã no Palácio da Alvorada, Bolsonaro fez insinuações que soam como uma ameaça, ao dizer que "a história pode se repetir"e citar datas que evocam movimentos militares, como a revolta dos tenentes e o golpe militar de 1964.