Com quem será? Com quem será? ... que o PSD e o União Brasil vão se casar? A resposta a essa pergunta que lembra a brincadeira dos adolescentes de outros tempos será conhecida nas próximas três semanas. Por se tratar de partidos ecléticos (ou elásticos), as hipóteses possíveis são múltiplas. O caminho natural seria a aliança com o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), já que os dois participam do governo tucano, mas nada é assim automático quando se trata de coligações partidárias.
Como as convenções serão realizadas de 20 de julho a 5 de agosto, os acordos ainda não fechados terão de ser costurados nas próximas três semanas. O PSDB convidou o MDB para integrar a aliança e ofereceu a vaga de vice, mas o partido está disposto a bancar a candidatura de Gabriel Souza e, no mesmo dia, chamou o PSD para oferecer a vaga do Senado a Ana Amélia Lemos. O partido está dividido entre os que consideram a proposta atraente, porque afasta a possibilidade de o ex-governador José Ivo Sartori disputar o Senado, e os que preferem ficar com Leite por afinidade ou convicção de que o ex-governador, apesar da renúncia, tem mais chances de vencer a eleição.
O PDT também ofereceu a vaga de candidata ao Senado a Ana Amélia. Como não tem dinheiro nem tempo de TV, o PDT oferece a imagem de Leonel Brizola como talismã. Leite usa o argumento de que Ana Amélia não foi secretária de seu governo, mas de um projeto que ele pretende dar continuidade. O argumento usado com o PSD é o mesmo da conversa com o MDB: sua candidatura seria a forma de evitar a reprodução, no Estado, da polarização nacional, com um segundo turno “entre o populismo de direita e o populismo de esquerda”.
Com o União Brasil, cortejado por sete pré-candidatos, esse discurso não cola. As conversas com Leite estão avançadas, mas uma ala significativa prefere Onyx Lorenzoni (PL), pela afinidade com o presidente Jair Bolsonaro. O presidente do União Brasil, Luiz Carlos Busato, diz que a tendência é apoiar Leite “em função da gratidão”. O partido tem três secretarias no governo. Busato considera remota mas não descarta a possibilidade de o UB repetir a estratégia usada em várias eleições pelo PTB, de não se aliar a ninguém e depois integrar o governo eleito.
Na segunda rodada de conversas com os candidatos que querem seu apoio, Busato conversou duas vezes com Leite e vai se reunir nos próximos dias com Vieira da Cunha (PDT), Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL) e Roberto Argenta (PSC). Ainda falta agendar com Gabriel Souza (MDB) e Beto Albuquerque (PSB).
Podemos apressa decisão
O Podemos deverá definir seu destino na próxima semana, depois de uma conversa com o ex-governador Eduardo Leite. De acordo com o senador Lasier Martins, que deseja concorrer à reeleição, a tendência é apoiar a candidatura de Leite. O PSDB, porém, não esconde a preferência por Ana Amélia Lemos (PSD).
Lasier acha que “dá para os dois”, a exemplo de Estados como Rio de Janeiro e Goiás, onde governadores terão mais de um candidato ao Senado.
Com o Podemos desidratado após a saída de Sergio Moro e uma reeleição difícil pela frente, Lasier tem sido aconselhado a concorrer a deputado federal, para reforçar a bancada, mas resiste e pretende percorrer 250 municípios até a eleição:
— Não quero pensar nisso. Quero ver a avaliação que me vai ser dada.
Indefinições na esquerda
Nas três semanas que antecedem o início das convenções, emissários do ex-presidente Lula farão uma derradeira tentativa de unificação das candidaturas de esquerda. Como Beto Albuquerque (PSB), Edegar Pretto (PT) e Pedro Ruas (PSOL) seguem firmes na disposição de concorrer, a principal dúvida é em relação ao Senado.
O sonho do PT é convencer Beto a disputar ao Senado, já que em 2018 ele ficou em terceiro lugar. A ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que aparecia em primeiro lugar em diferentes pesquisas, desistiu de concorrer e o vazio ainda não foi preenchido.