O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A vereadora de Porto Alegre Fernanda Barth (PRTB) tem uma decisão difícil para tomar até março: deixar o PRTB, correndo o risco de perder o mandato, ou continuar e não poder concorrer a deputada estadual em 2022. A origem da divergência é a cobrança de contribuição dos filiados, de acordo com o cargo que ocupam. Fernanda se recusa a pagar porque diz ser contrária a essa prática e pede que o partido a expulse, mas os dirigentes do PRTB dizem que para sair sem correr o risco de perder o mandato ela terá de pagar pelo menos R$ 100 mil de contribuições atrasadas.
— Existe a cobrança e eu não faço parte disso — afirmou a vereadora.
Fernanda chegou a entrar na Justiça contra o PRTB e reclama de falta de diálogo:
— Não tem conversa com o partido. O partido não tem diretório municipal nem estadual desde março deste ano. É um partido que não tem estrutura nenhuma, praticamente não existe.
O projeto de concorrer a deputada em 2022 depende do desenlace da briga com o PRTB. A vereadora gostaria de ingressar em um partido simpático ao bolsonarismo e com estrutura que viabilize a eleição, já que não são permitidas coligações e o PRTB, com quadro restrito de filiados, pode não atingir o quociente eleitoral para conquistar uma cadeira na Assembleia. As duas opções mais viáveis seriam o PL e o PP, mas entre os líderes progressistas a vereadora encontrará resistência para se filiar.
— Só Deus sabe, depende dos desígnios do Judiciário (deixar o PRTB). Eu recebo convites de diversos partidos. Tenho conversas adiantadas com muitas pessoas. Mas eu estou presa ao PRTB com o meu mandato. Eu não pretendo abandonar o meu mandato — desabafa.
Após a publicação deste texto, a vereadora Fernanda Barth fez contato com a coluna para dizer que o valor cobrado pelo PRTB não é de R$ 100 mil. A contribuição pretendida é de 10% do salário bruto. A coluna apurou que esse é o valor que o PRTB quer que ela pague para ser expulsa e assim não correr o risco de perder o mandato se for para outro partido.
A advogada da vereadora, Renata Esmeraldino, também entrou em contato com a coluna após a publicação do texto. A advogada explicou que o processo movido por Fernanda na Justiça Eleitoral é uma ação de justa causa contra o PRTB. A ação exige que o partido ofereça estrutura à vereadora, com representação no Estado. Caso contrário, ela estaria liberada para deixar a sigla, conforme argumenta a defensora.
- A vereadora se vê abandonada pelo partido. Nós estamos dizendo na ação que, se o partido não se adequar, eu tenho o meu direito de sair porque não estou verificando a vontade do partido de crescer.