
Com a rejeição, pelos prefeitos, do calendário proposto pelo governador Eduardo Leite, o impasse que envolve o retorno às aulas presenciais no Estado está longe do fim. Um novo capítulo está previsto para quinta-feira (27), com a provável autorização para que as aulas sejam retomadas nos municípios que estão em bandeira amarela ou laranja, mas a decisão final será dos prefeitos. E a maioria não tem pressa em reabrir as escolas, como mostrou a recente pesquisa feita pela Famurs e os depoimentos dos presidentes de associações confirmaram na reunião desta terça-feira (25).
Os prefeitos concordam que o governo estadual libere as escolas particulares, mediante exigência de um protocolo rigoroso, mas são poucos os que se mostram dispostos a retomar as aulas presenciais. A resistência aumentou ainda mais depois da reunião, com a apresentação feita por Wanderson Oliveira, ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde, sobre o retorno das escolas em outros países. Os gráficos mostram que quase todos retomaram as aulas presenciais somente quando a curva de mortes e internações baixou de forma consistente.
— Nas pequenas e médias cidades não há pressão dos pais pela volta às aulas. Pelo contrário, o que os prefeitos mais ouvem é que as famílias não se sentem seguras para mandar os filhos para a escola — disse o presidente da Famurs, Maneco Hassen, à coluna.
A pressão, segundo o prefeito, é das escolas privadas, que temem fechar as portas ou ter de demitir professores. Por isso, a Famurs deu sinal verde para o governo autorizar o retorno das particulares.
O sindicato que representa as escolas particulares está impaciente. O presidente do Sinepe-RS, Bruno Eizerik, diz que vai esperar até quinta-feira e, se o impasse persistir, vai “colocar os pingos nos is”.
— Desde 8 de junho temos protocolos prontos para retomar as aulas com segurança. Não podemos ser punidos pela incapacidade do Estado e dos municípios de organizarem as escolas — desabafa Eizerik.
Mesmo que o governador autorize, cada prefeitura terá de dar o aval, já que Supremo Tribunal Federal permite aos municípios adotar restrições mais severas dos que as impostas pelo Estado. Em Porto Alegre, o Sinepe aguarda para as próximas horas uma reunião com o prefeito Nelson Marchezan. A ideia é pleitear tratamento diferenciado das escolas públicas.
— Não podemos ficar reféns do Cpers ou de qualquer sindicato que não queira a volta dos professores ao trabalho — diz o presidente do Sinepe.
A resistência não se restringe ao Cpers. Nesta quarta-feira (26), Eizerik terá reunião no Ministério Público do Trabalho com o Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro). O Sinepe propõe que os professores do grupo de risco sigam trabalhando com aulas remotas e que os demais voltem às salas de aula.
Aliás
Com a redução do número de alunos, instituições de Ensino Superior promoveram demissões no final de julho e início de agosto. Nas escolas particulares de Ensino Fundamental e Médio, a perspectiva é de que cortes profundos no início de 2021, com a provável queda no número de matrículas.
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