O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
A menos de sete meses das eleições, a corrida à prefeitura de Porto Alegre começou a ganhar nitidez, a partir de definições internas dos partidos, trocas de sigla e as primeiras confirmações de alianças para a chapa majoritária.
Na formação de coligações, o prefeito Nelson Marchezan (PSDB) largou na frente, ao arregimentar apoio do PL e do PSL, o que o garante cerca de um quarto do tempo de televisão. Marchezan ainda não se lançou candidato oficialmente, mas os dois partidos já manifestaram desejo de indicar o postulante a vice.
O vice-prefeito Gustavo Paim (PP), cuja relação com o prefeito implodiu após uma série de altercações entre Marchezan e o PP, também articula para ser candidato. Desconhecido da maioria da população, Paim tem atuado nos bastidores para atrair o apoio de partidos de centro e de direita que lhe proporcionem tempo de propaganda para ganhar notoriedade.
Alguns de seus correligionários, entretanto, preferem uma aliança com Sebastião Melo (MDB), indicando o próprio Paim ou outro de seus quadros para vice. Melo, que viu seus planos ameaçados por uma possível indicação do ex-secretário Cezar Schirmer, recebeu apoio da bancada estadual e acalmou parte das resistências internas, mas ainda não é consenso.
Apesar de manter encontros públicos com outros virtuais candidatos, o ex-vice-prefeito, visto pelos concorrentes como um nome competitivo devido à penetração junto aos eleitores de periferia, ainda não se anunciou pré-candidato. Publicamente, diz que quer compor uma frente de centro-direita, sem imposição de nome.
Na última semana, com a abertura da janela para troca de partido, dois vereadores que saíram do MDB ingressaram em partidos pelos quais desejam concorrer ao Paço Municipal em outubro. Valter Nagelstein é candidatíssimo a prefeito pelo PSD, enquanto Nádia Gerhard pretende disputar a prefeitura pelo DEM. Nádia, no entanto, pode ser convencida a compor alguma das chapas listadas acima como candidata a vice. Além da ligação com a área da segurança pública, a tenente-coronel da Brigada Militar é vista como um atrativo ao eleitorado bolsonarista.
Na outra ponta do plenário ideológico, o PT definiu apoio a Manuela D’Ávila (PCdoB) e decidirá entre o ex-vice-governador Miguel Rossetto e os vereadores Marcelo Sgarbossa e Carlos Comassetto quem será o indicado a vice. Rossetto é o favorito, por contar com o apoio da maioria dos caciques partidários.
Sem vaga na chapa, o PSOL se recusou a aderir automaticamente à pretensa “frente de esquerda” e lançou a deputada federal Fernanda Melchionna. O partido pode ter apoio de siglas mais radicais, como o PCB e a Unidade Popular, que apresentou a nutricionista Priscila Voigt como pré-candidata.
Completando o trio feminino, Juliana Brizola (PDT) encaminhou o apoio do PSB e deve apresentar-se como uma opção de centro-esquerda.
Ainda se lançaram pré-candidatos os deputados Any Ortiz (Cidadania) e Rodrigo Maroni (Podemos) e o líder comunitário Marco Della Nina (PSC). O Republicanos cogita a candidatura de João Derly. O deputado Thiago Duarte não é cogitado pelo DEM, mas ainda pretende concorrer.
Dentre todos, o caso mais curioso é o do PTB. Com a recusa do deputado Maurício Dziedricki em concorrer, cresce internamente a disposição de não lançar candidato e de manter neutralidade no primeiro turno. No entendimento de alguns dirigentes, o partido centraria esforços na campanha para vereador, em que o objetivo é conquistar seis cadeiras, e ofereceria apoio decisivo no segundo turno.
Aliás
O partido Novo, que não terá candidato a prefeito, pretende declarar apoio a um dos concorrentes. Os integrantes do partido já se reuniram com Sebastião Melo e Gustavo Paim.
Efeito indeterminado
Apesar do acirramento entre apoiadores e opositores do presidente Jair Bolsonaro no debate nacional, o cientista político Augusto Neftali de Oliveira diz que ainda é cedo para determinar se a polarização tende a ser incorporada no pleito local.
Oliveira, no entanto, indica que a opinião dos candidatos sobre o governo será um dos critérios do eleitorado:
— Os candidatos vão ter de expor sua posição sobre o governo e esse será um dos elementos que ajudarão a estruturar os campos em disputa, mas não significa que será determinante — diz o professor da PUCRS.