Na eleição de 1998, vencida por Olívio Dutra (PT), o Banrisul foi um dos protagonistas. Apresentando-se como defensor do banco, Olívio conseguiu subtrair votos de Antônio Britto (PMDB), que saneara o banco planejando privatizá-lo, como fizeram Santa Catarina e Rio de Janeiro, no bojo da renegociação da dívida. Vinte anos depois, o Banrisul voltará a ser tema de campanha, como indicam os movimentos de diferentes candidatos e líderes partidários.
Embora José Ivo Sartori (PMDB) diga que não está nos seus planos privatizar o Banrisul, a venda de ações ordinárias e preferenciais, em operações de “varejo”, inseriu o banco no debate eleitoral, mais de três meses antes do início da campanha. Três dias depois de Juliana Brizola (PDT) ter procurado o Ministério Público de Contas para pedir investigação das últimas operações, três deputados de oposição (Pedro Ruas, do PSOL, Zé Nunes e Jefferson Fernandes, do PT), foram ao presidente do Tribunal de Contas, Iradir Pietroski, pedir uma “uma análise acurada” da última venda de ações, por ter sido feita sem prévio aviso.
Na véspera, o deputado Luis Augusto Lara (PTB) já havia convidado o presidente do Banrisul, Luiz Gonzaga Veras Mota, a explicar a operação na Comissão de Finanças na Assembleia. O banco esclarece que a venda foi feita de acordo com as regras da Comissão de Valores Mobiliários e que, como “não representa alienação de controle acionário”, a negociação se dá por meio de leilão.
É provável que, nos próximos dias, o governo venda novos lotes de ações para fazer caixa, sem abrir mão do controle. O Piratini tem autorização para negociar 26 milhões de ações ordinárias. No leilão da semana passada foram vendidos 2 milhões. Resta, portanto, um estoque capaz de ser usado como socorro diante do esgotamento de outras fontes de financiamento do déficit.
Entre os pré-candidatos ao Piratini, o único que defende abertamente a venda do Banrisul e de outras estatais é Mateus Bandeira, do Partido Novo. Bandeira considera absurdo a Assembleia ter aprovado emendas prevendo a realização de plebiscito para vender estatais, incluindo as deficitárias.
Sartori quer autorização para vender a CEEE, a CRM e a Sulgás, mas não incluiu o Banrisul na lista, convencido de que a população é contra a privatização.