
As indiretas e as respostas evasivas do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em relação à sucessão presidencial evoluíram para sinais explícitos de que deseja ser o candidato do governo Michel Temer ao Planalto. Novato nas redes sociais, o ministro tem até uma marca pessoal para identificar os “cards”, como são chamados os cartões em que se quer destacar uma opinião ou informação. É o nome dele em letras maiúsculas, em azul, com o “MEIRELLES” em tom mais escuro. Acima do nome, uma bandeirinha do Brasil.
Às 19h desta segunda-feira (4), Meirelles postou no Twitter um card mostrando que o risco Brasil era de 370 em fevereiro de 2016 e caiu para 170 em dezembro de 2017. O gráfico veio acompanhado de um comentário didático: “Pode parecer algo distante do nosso dia a dia, mas a diminuição do risco Brasil afeta diretamente a vida de todos”. No post seguinte, acrescentou: “Quanto mais baixo o risco, menor é o custo do crédito e, por consequência, maior é a atividade econômica, o volume de investimentos e a geração de empregos”.
O ministro só criou a conta no Twitter em maio de 2017. O perfil @meirelles tem somente 28,9 mil seguidores, mas ele intensificou a participação nos últimos dias, mostrando as conquistas do governo Temer na área econômica. A primeira postagem de segunda-feira foi uma reprodução da primeira página da Folha de S.Paulo, com a manchete “Meirelles afirma que governo terá candidato” e o subtítulo “Nome do Planalto não será o de Geraldo Alckmin, diz ministro da Fazenda”.
Desde o início de novembro, Meirelles vinha dando sinais de que a candidatura estava no seu horizonte. Deixou isso claro em uma entrevista ao Gaúcha Atualidade e, logo depois, na palestra que fez para empresários e políticos no evento Brasil de Ideias, em Porto Alegre.
A partir da manifestação do apresentador Luciano Huck de que não será candidato, Meirelles foi mudando o tom. A estratégia clara é ocupar a vaga de candidato do centro. Falta-lhe o traquejo de palanque e um mínimo de capacidade de sedução do eleitor médio, mas, sabedor de que em política não existe espaço vazio, tenta ocupar um lugar no centro da arena, entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (Patriotas).
Aliás
A defesa da reforma da Previdência, que encanta o mercado, é um obstáculo para Henrique Meirelles crescer entre os eleitores em geral, que temem a perda de direitos.