A denúncia apresentada pelo procurador Rodrigo Janot contra o senador afastado Aécio Neves por corrupção passiva e obstrução de Justiça é o maior abalo sofrido pelo PSDB em seus quase 30 anos de existência.
O neto de Tancredo Neves não é um filiado qualquer: estava no comando do PSDB quando o ministro Edson Fachin o afastou do mandato e autorizou a abertura de inquérito. Foi governador de Minas, deputado federal e presidente da Câmara e esteve a um passo da Presidência da República em 2014.
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Aécio Neves e José Serra tinham um cacoete em comum: quando não gostavam de uma pergunta, acusavam o repórter de ser petista. Na Lava-Jato, esse rótulo não cola.
Na eleição de 2014, os grandes doadores (oficiais) das campanhas de Dilma Rousseff eram os mesmos, mas os tucanos tratavam como se houvesse dois montes de dinheiro: um limpo, para o PSDB, e outro sujo, para os adversários.
Diziam os líderes tucanos que as doações para Aécio eram limpas porque quem tinha o que oferecer às empresas era Dilma, a candidata da situação. Nem se falava de caixa 2. As delações premiadas mostraram que a lógica de doadores como a Odebrecht e a JBS era a mesma: compravam favores e estoques de boa vontade.