"Olhe aqui, eu estou no céu", canta DAVID BOWIE no começo da música Lazarus. Em retrospecto, podemos interpretar a letra como premonitória e a canção do disco lançado na sexta-feira como o canto do cisne do artista. Apesar da beleza e do vigor desse epitáfio, Lazarus e o álbum Blackstar não podem aliviar a dor da perda de uma das mentes mais criativas já surgidas no universo pop. Como poucos músicos, o inglês soube captar inquietações e tendências artísticas e culturais de seu tempo e traduzi-las a sua maneira, jamais parecendo estar a reboque ou na carona – ao contrário: graças a uma sensibilidade extrema e a um talento singular, o cantor e compositor antecipava o que outros apenas suspeitavam e com seu sopro fazia a brisa virar furacão. Um dom que levou o escritor português de origem angolana Valter Hugo Mãe a escrever em seu perfil no Facebook: "david bowie começou pelo futuro. de algum modo, o seu tempo ainda não chegou. talvez, por isso mesmo, nos aguarde mais adiante".
Luto
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roger lerina