
Em entrevista ao jornalista Henrique Ternus, colaborador da coluna de Rosane de Oliveira, o prefeito Sebastião Melo afirmou que um dos aprendizados de sua visita à Holanda é de que não bastam apenas 23 casas de bomba para melhorar o sistema de drenagem da Capital.
— Tem que melhorar as que estão aí e tem que ter muitas outras casas de bombas, porque tem cota baixa em muitos lugares da cidade e quando isso acontece a água fica no cano e não sai se não for empurrada pela bomba — afirmou.
A coluna conversou ontem com pesquisadores do IPH da UFRGS sobre a declaração de Melo. Eles disseram que a afirmação faz sentido em casos como a zona sul de Porto Alegre, onde não há sistema de proteção. A defesa da cidade termina no final da Avenida de Diário de Notícias. Os estudiosos, no entanto, salientam que não foi por falta de casas de bombas que a cidade inundou em maio do ano passado. Foi pela falha das mesmas. Se estivessem funcionando, o Centro Histórico, por exemplo, não teria inundado.
Os estudiosos do IPH recomendam três medidas:
- Primeiro lugar recuperar as que existem
- Reavaliar o sistema
- Avaliar a capacidade em função da mudanças climática.
O técnicos destacam que casas de bomba, as chamadas Ebaps, servem para resolver alagamento — elas expelem a água que entra. Não servem contra inundação. No segundo caso, a defesa da Capital fica a cargo dos diques e da cortina de concreto, como chamam tecnicamente o muro da Mauá. São esses equipamentos que impedem a água de entrar.
Toda a água que está acima da quota 6 (metros acima do nível do mar) funciona por conduto forçado. A cota da enchente de maio ficou em torno de 5 metros e 35 centímetros — alcançando dois metros e 35 centímetros acima do cais do porto.
Os técnicos reforçam que faltou contenção para evitar que a água ingressasse na cidade. E porção que entrou não saiu porque houve problemas nas casas de bomba que foram alagadas e tiveram o sistema elétrico desligado.
Em resumo, na avaliação do pesquisadores, não foi o número de casas de bomba que foi insuficiente. Mas as falhas nos equipamentos que contribuíram para a inundação.