No próximo dia 18, o deputado federal Dionilso Marcon (PT) passa a coordenação da bancada gaúcha no Congresso ao colega Marcelo Moraes (PL). O grupo de parlamentares do RS em Brasília é composto por 31 deputados e três senadores.
Como o senhor avalia o seu período como líder da bancada gaúcha?
Temos feito um trabalho muito pesado, não estava na nossa previsão o que aconteceu por Rio Grande do Sul, as tragédias, as enchentes de maio. Tivemos muitas reuniões com os governos federal e do Estado, com as cidades, com entidades do meio rural. Foi o ano em que a bancada gaúcha teve destaque devido à situação do RS. Houve semanas que, em Brasil, fizemos até três ou quatro reuniões com ministros para discutir pautas do Estado. Espero que isso (a tragédia das enchentes) nunca mais aconteça, e isso a nossa torcida, mas foi um ano atípico, em que tivemos de lutar em defesa do povo gaúcho. E sempre fomos atendidos pelos ministros do presidente Lula.
O RS viveu a enchente e agora enfrenta a estiagem. Como se adaptar?
Levantamento feito pela Defesa Civil mostra que o Rio Grande do Sul é o Estado mais está atingido pelas questões climáticas. Precisamos debater, e o presidente da Assembleia, Pepe Vargas (PT), na sua posse, segunda-feira, levantou esse debate da questão climática. Estou agora aqui no assentamento Primavera, em Canguçu, junto com o superintendente do Incra, assinando contratos para a reconstrução do RS. Muitas comunidades do interior de Canguçu, seja da agricultura familiar, dos assentados, dos quilombolas, estão sem água para tomar e para os animais. A perda vai ser do pequeno ao grande produtor. A soja já ficando branca. A perda já está começando. Precisamos tratar da questão ambiental, de estocar água para produzir. Estive em um assentamento em Canguçu onde um agricultor com uma caixa de água, com dois mil litros por dia, consegue irrigar dois hectares de produção de comida: mandioca, batata, abóbora, melancia, tomate. Dá para ter uma política de uma pequena reserva de água para produzir alimento. Falei para o ministro do Desenvolvimento Agrário há um ano, dizendo que precisamos ter política altamente subsidiada para se preocupar sobre essa questão da produção de comida. O governo do Estado também tem de entrar nesse debate, e os municípios, naquilo que podem, estar fazendo.
Como o senhor avalia a perda de representatividade gaúcha em Brasília, com a saída do ministro Paulo Pimenta e a mudança nas presidências do Congresso?
Temos capacidade de tocar as pautas. Temos várias lideranças na Câmara. Essa questão dos espaços é um acordo feito com as bancadas, e não com o Estado. Maria do Rosário prestou o seu trabalho como segunda secretária da mesa. Temos no governo federal Edegar Preto, presidente da Conab, e relação direta com todos os ministérios. Essa semana já falei com dois ministros. Ontem mesmo (terça-feira), com o ministro da Pesca, André de Paula, sobre a questão da normativa da pesca do camarão na bacia do Vale do Tramandaí. Com a ministra Nísia Trindade (Saúde) conversamos seguido. A oposição pode dizer que não, mas ninguém tira o papel do ministro Pimenta e sua equipe na reconstrução do RS. O presidente Lula tem dado prioridade ao RS. Veio quatro, cinco vezes aqui no Estado, colocando R$ 81 bilhões ba reconstrução. Então, vamos tocar as demandas do Rio Grande do Sul, seja em obra, seja em política social, seja na área da saúde.
Espaços como na Mesa Diretora não mudam muito?
Nosso time da bancada da esquerda, da Frente Popular, é muito bem reconhecida pelo governo federal. Claro que nem sempre a gente consegue resolver tudo, mas tem vontade, faz e está fazendo.