O adiamento da votação do gabinete israelense sobre o acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas é uma amostra da fragilidade dos acertos e das desconfianças mútuas no Oriente Médio. Tudo pode mudar a qualquer momento, mas, apesar do revés momentâneo desta quinta-feira (16), considerado uma "ponta solta" pelos Estados Unidos, o "mood" é de aprovação.
A decisão de convocar o gabinete para esta sexta-feira (17) indica que questões pendentes, alegadas pelo governo de Israel, foram resolvidas. Havia informação de que o gabinete só se reuniria quando esses entraves fossem resolvidos.
Benjamin Netanyahu está sob forte pressão — interna e externa. Intramuros, os partidos religiosos exigem o retorno à guerra para destruição do total do Hamas, uma promessa, aliás, que Netanyahu fizera e da qual, agora, tornou-se, em parte, prisioneiro. Do lado de fora da Kiryat HaMemshala, o complexo de prédios governamentais, a maior parte da população apoia o fim do conflito, cansada de guerra e ansiosa por trazer de volta para casa os reféns.
Nenhum dos partidos consegue, sozinho, desestabilizar o governo, mas, juntos, os religiosos somam 14 assentos na legislatura — o suficiente para derrubar a administração.
Do ponto de vista internacional, criou-se o ambiente para o acordo - e os EUA de Joe Biden e Donald Trump não aceitarão nada menos que sua implementação. Nem que seja apenas o início do plano.