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Enquanto o Brasil não resolver o mal-estar civil-militar que dilacera as entranhas de sua sociedade, viverá sob o fantasma de golpes e rupturas institucionais. O que se descortina a partir da operação da Polícia Federal, nesta terça-feira (19), com a prisão de quatro militares, entre eles um general, que teriam planejado o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, não é nada mais do que um capítulo contemporâneo de uma história que, infelizmente, não é exceção.
O Brasil teve, pelo menos, nove golpes de Estado desde a Independência - a própria "proclamação da República", há 135 anos, foi empreendida a partir das Forças Armadas que se insurgiram contra a ordem monárquica.
A História do Brasil é a história de golpes: a "Revolução" de 1930, o Estado Novo, a deposição de Vargas, o Movimento de 11 de Novembro, o veto à posse de João de Goulart, frustrado pela Campanha da Legalidade, o maio de 1964, para ficarmos nos mais conhecidos.
Em qualquer país democrático, as Forças Armadas são uma instituição de Estado, assim como a diplomacia. Não deveriam estar a serviço de governos - quando isso ocorre, militares tornam-se guarda pretoriana de atores que desejam se perpetuar no poder.
No Brasil, onde a memória autoritária é um espectro ainda não superado, há a incompreensão das posições dos atores sociais - a que compete a função de um militar, que, em democracias, está submetido ao poder civil.
Por isso, de tempos em tempos, na caserna, alguns (sempre é importante ressaltar que não representam o todo), se arvoram o falso dever de exercer o poder moderador. Mas uma coisa é certa: sempre que a política adentra nos quartéis, não só a disciplina sai pelos fundos, mas a farda acaba chamuscada pelo golpismo.