Em muitos aspectos, a troca de fogo entre Israel e Hezbollah, neste domingo (25), guarda semelhanças com aquela chuva de drones lançada pelo Irã, em abril.
São ações controladas, de ambos os lados, com número reduzido de baixas, que podem ou serem observadas como um ensaio para uma guerra total e para testar o adversário ou para dar uma resposta aos públicos internos e adiar o conflito de grandes proporições.
Aposto na segunda hipótese. No caso do Hezbollah, os foguetes lançados pelo grupo fundamentalista islâmico, um poder paralelo no Líbano, foram ainda mais facilmente neutralizados pelo Domo de Ferro, o poderoso sistema antiaéreo israelense.
Tratam-se dos Katiucha, que Israel conhece bem, disparados à exaustão na guerra de 2006 pelos extremistas - e muito arcaicos. O próprio uso desses foguetes já é um indicativo de que o Hezbollah fez ataques calibrados a fim de evitar a ira de Israel. A tentativa de aplicar baixas a Israel, supostamente militares, foi uma retaliação ao bombardeio israelense que eliminou, em Beirute, Fuad Shukr, braço direito de Hassan Nasrallah.
O fato de ter sido uma espécie de escaramuça não significa que não tenha repercussões: se o Hezbollah entende que vingou a morte de seu número 2, ainda faltam outros atores retaliarem, a se depreender das promessas: os houthis, pelo ataque ao porto de Al Hudaydah, no Iêmen, e o próprio Irã, pela eliminação, em seu território, do líder máximo do Hamas, Ismail Haniyeh, em julho.
O velho e triste ciclo de ação e reação sem fim está em marcha no Oriente Médio.