Nos últimos dias, tem circulado em redes sociais no Brasil a informação de que o Senado da Itália teria aprovado o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina como "tratamento precoce" da covid-19. A informação é falsa.
A sessão da câmara alta do parlamento italiano, citada pelos defensores do uso do medicamento, foi realizada em 8 de abril e cujo registro das conclusões está na página oficial do Senado do país europeu (clique aqui para ler em italiano).
Em nenhum momento, aparece o termo cloroquina ou hidroxicloroquina.
A sessão não tratou do uso de medicamentos contra a covid-19. Conforme o registro da sessão, os senadores aprovaram uma moção sobre um protocolo único para cuidados domiciliares de pacientes com coronavírus. A seguir, o trecho que explica a decisão:
"Na conclusão da apreciação das moções sobre a melhoria do atendimento domiciliar aos pacientes acometidos pela COVID-19, a Assembleia aprovou a agenda unitária G2 (texto 2) que compromete o Governo: atualizar, por meio do Instituto Superior de Saúde, Agenas e Aifa, os protocolos e diretrizes para o atendimento domiciliar de pacientes com Covid-19 levando em consideração todas as experiências dos profissionais que atuam na área; criar mesa ministerial de acompanhamento, na qual estejam representados todos os profissionais envolvidos nas trajetórias de atendimento territorial; ativar intervenções que envolvam todo o pessoal capaz de prestar cuidados de saúde, apoio socio-sanitário e apoio familiar desde o diagnóstico; atuar para que as diferentes experiências e dados clínicos coletados pelos serviços regionais de saúde convergem em um protocolo nacional de gestão domiciliar do paciente Covid-19; apoiar o protocolo com um plano de ampliação do fornecimento de aparelhos de telemedicina adequados para garantir o monitoramento adequado e constante dos parâmetros clínicos dos pacientes".
De acordo com o protocolo vigente, a Agência Italiana de Medicamentos (Aifa, equivalente à Anvisa brasileira) não recomenda o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina.
A votação no Senado italiano não gerou grande repercussão na imprensa do país - o que certamente teria ocorrido se fosse aprovado o uso da cloroquina.
Em 1º de março, um painel de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma recomendação contrária ao uso da hidroxicloroquina como método de prevenção para a covid-19. Eles dizem que os estudos não mostraram resultados significativos sobre mortes ou internações e apontaram riscos de efeitos adversos provocados pela substância.