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Salas com janelões com vista panorâmica da Baía do Almirantado. Dormitórios com acabamentos em MDF. Banheiros com água quente. E amplos laboratórios. As primeiras imagens internas da nova Estação Comandante Ferraz revelam que o interior da nova casa de pesquisas do Brasil na Antártica está praticamente pronto.
O complexo será concluído em março, mas a inauguração ocorrerá só em 2020, com a presença de altos oficiais das Forças Armadas, de pesquisadores e provavelmente do presidente Jair Bolsonaro. Os motivos para o adiamento são a necessidade de se fazer testes nos equipamentos e as condições meteorológicas. Em março, sinais do inverno já dão as caras: a temperatura cai muito, e os ventos se intensificam.
A obra, orçada em US$ 99 milhões, é executada pela empresa chinesa Ceiec. A velha estação de pesquisas brasileira, instalada em 1984, foi destruída por um incêndio em fevereiro de 2012, no qual morreram dois militares.
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Na nova Ferraz, um complexo de 4,5 mil metros quadrados, haverá 17 laboratórios e espaço para abrigar até 64 pessoas. O sistema de calefação da estação será inteligente, aquecendo o ambiente conforme a necessidade. Cada área terá radiadores dotados de sensores de presença e termostatos que enviarão informações para um sistema geral.
São dois gigantescos blocos. No Oeste, ficam uma sala de estar, enfermaria, centro cirúrgico, academia, copa, cozinha, padaria e câmara fria. Tratamento de esgoto e reservatório também estão ali. No bloco Leste, de frente de quem observa da beira da praia, ficam laboratórios e áreas de operação e manutenção, como oficinas (elétrica, mecânica e eletrônica), paiol de esquis, marcenaria, praça de máquinas e garagem. Um bloco transversal liga as duas estruturas. Ali estarão áreas de uso social e de convívio, como sala de vídeo e auditório, lan house, sala de reuniões e estar e biblioteca.
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As primeiras imagens internas mostram espaços praticamente prontos. Nas salas principais, o chão está coberto por tapetes para proteger o piso novo. Nos camarotes (dormitórios), as estruturas de camas, roupeiros e instalações elétricas estão prontas. Nos banheiros, pias e chuveiros já foram instalados. Operários dão os últimos retoques nos corredores principais.
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GaúchaZH visitou o local em fevereiro de 2018, quando apenas o esqueleto do bloco Oeste da estação estava pronto. Hoje, o cenário é bem diferente. Do lado de fora, complexo já está revestido - na cor verde, mais escuro do que a antiga.
Na Antártica, o Brasil faz estudos nas áreas de glaciologia, climatologia, meteorologia, química e biologia. Realizar pesquisas científicas no continente é um dos requisitos exigidos pelo Tratado Antártico para um país continuar tendo direito a voto nas decisões sobre o futuro da região, uma imensidão de gelo e terra encharcada de petróleo, gás e com espécies ainda desconhecidas.
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