Ataques em Mogadíscio e no Sinai não provocam empatia, não nos dão a sensação de que poderíamos ser alvos, não geram imagens de fundo para postarmos em nossas fotos de perfil do Facebook, muito menos comovem.
Mas, junte-se os dois ataques com caminhões-bomba na Somália, em outubro, e o massacre desta sexta-feira no Egito, e teremos mais de 550 mortos em menos de 40 dias.
Dados do Global Terrorism Index, do Institute for Economics and Peace (IEP), mostram que, oito em cada 10 países ameaçados pelo terrorismo são de maioria muçulmana. Os cinco principais alvos em 2016: Iraque, Afeganistão, Nigéria, Síria e Paquistão. A França, por exemplo, está na 29ª, o Reino Unido, na 34ª, e os EUA, na 36ª. Ou seja, embora atentados em Paris, Barcelona, Londres, Berlim e em outros cartões-postais da Europa chamem mais atenção do planeta - e, consequentemente ganhem mais espaço na mídia internacional -, não se engane: o terrorismo islâmico mata mais os próprios muçulmanos.
A Península do Sinai é alvo constante de terrorismo: em 2004, foram 34 mortos em um atentado contra um hotel em Taba. No ano seguinte, 88 mortos em ataques em Sharm el-Sheikh. Em 2015, a explosão do avião da companhia russa Metrojet, com 224 mortos. Nesta sexta-feira, pelo menos 250 vítimas fatais na mesquita de Al-Rawdah, entre o vilarejo de Bir al-Abed e a cidade de Al-Arish.
Para grupos extremistas, atacar em grotões esquecidos do planeta não tem o glamour doentio de uma feira de Natal em Berlim ou de um atropelamento em Nice. Perde-se pontos no marketing do terror, mas atinge-se o objetivo mais orgânico do extremismo: matar o maior número de pessoas com o menor custo.
Países como o Egito ou a Somália, embora tenham triplicado a segurança desde o 11 de setembro de 2001, não dispõem de serviços de inteligência apurados. Além disso, nessas regiões, o extremismo encontra o terreno fértil da corrupção e da pobreza.
É mais fácil, mata mais gente e é mais barato.