A seis dias da eleição aqui nos Estados Unidos, a equipe de campanha de Hillary Clinton acusou o golpe da tarde anterior, quando veio a público a pesquisa da rede ABC/Washington Post, em que o rival, Donald Trump, aparece pela primeira vez desde maio à frente da democrata. É apenas um ponto percentual (46% a 45%), e está dentro da margem de erro de 2,5% pontos. Mais do que a pequena vantagem, o que fez acender o alerta vermelho no QG democrata é a sinalização da queda do entusiasmo entre eleitores de Hillary. Por isso, as caixas de e-mails de quem assina a newsletter da campanha amanheceram hoje com um apelo em que a própria Hillary se dirige aos internautas dizendo que "não gostaria de ver o Twitter de Trump ontem", em que ele anuncia vantagem na pesquisa. Em seguida, ela admite: "Donald Trump pode ser misógino, arrogante, misógeno, mas, dessa vez, ele não está mentindo: ontem, ele estava à nossa frente em uma pesquisa em particular pela primeira vez desde maio". Na sequência, vem um apelo por votos.
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Escrevo de Columbus, capital do Estado de Ohio, um dos mais importantes swing states da eleição, com direito a 18 delegados no colégio eleitoral. Há uma frase famosa por aqui: "para onde vai Ohio, vai o país". A fama é de que nenhum candidato chega à Casa Branca sem ganhar nesse Estado. Nas últimas 12, os democratas levaram cinco - inclusive 2008 e 2012 com Barack Obama. Os republicanos venceram em sete em Ohio.
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A fama de Estado que decide a eleição deve-se, em parte, ao fato de Ohio ser uma espécie de microcosmos do Meio-Oeste americano, capaz de influenciar os outros Estados da região, principalmente Wisconsin, Michigan e Minnesota. Tem uma economia diversificada, com indústria de automóveis e autopeças, reservas de gás natural, carvão e agricultura. Seus eleitores são, em geral, conservadores - especialmente nas áreas industriais que sofreram com a crise de 2008, que preferem os republicanos. Nas metrópoles, como aqui, em Columbus, a maioria vota nos democratas. A média das pesquisas, segundo o site Real Clear Politics, mostra leve vantagem para Trump - 46,8% a 44.6% - em Ohio (veja os últimos levantamentos abaixo). A divisão desse Estado neste momento representa também a divisão do país.
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Acompanhe, em tempo real, a viagem do repórter Rodrigo Lopes pelo interior dos Estados Unidos nos últimos dias da campanha eleitoral: