Competitividade é uma palavra essencial no futebol. Não é de hoje, vem de longa data, talvez desde o seu começo, mas nos dias atuais determina a diferença entre um grande jogador e um acadêmico. Jean Pyerre é um exemplo. Sabe tudo de bola, chuta, passa , dribla, faz gols, pifa os companheiros. Tostão chegou a escrever que onde Renato decida sua escalação, ele vai lá e desempenha. E com brilhantismo.
O toque de Jean é clássico, parece estar jogando com fraque e cartola, com gravata, sempre se sobressaindo pessoalmente dentro do campo. Mas está faltando um detalhe: ele precisa competir. Essa é uma tarefa permanente no vestiário do Grêmio, arte de Renato Portaluppi e passa por seus companheiros de time, todos eles admiradores do futebol de Jean Pyerre.
Outros jogadores importantes tiveram dificuldades em suas carreiras por isso. No Grêmio, foi Bruno. Um jogador de técnica notável, mas sonolento em campo. Não foi longe e ali se perdeu um grande talento. No cenário nacional, tem Paulo Henrique Ganso. Quem joga como ele? Poucos, talvez ninguém. Mas sua participação não tem caráter competitivo e ele parece deixar o time com 10 jogadores. Sequer consegue ser titular do Fluminense.
Não estou dizendo que o futuro de Jean Pyerre será este. Ele é jovem e tem muito tempo para mudar seu comportamento em campo. O vestiário do Grêmio trabalha muito neste sentido, pois todos sabem que ele competindo desequilibra pela sua invejável técnica.
O clube não desistirá na busca de ver este jogador competindo como não aconteceu contra o São Paulo. Ele estava em um outro ritmo de jogo. Enquanto seus companheiros se estrebuchavam em campo, para Jean Pyerre era tudo normal. Só que jogos decisivos não são normais. Jean precisa saber disto, associar competitividade a sua alta técnica e ser um grande jogador até da Seleção Brasileira.