
O futebol está parado e já se vão mais de 100 dias. Se o Gauchão começar no dia 15 de julho, teremos paralisação de exatos quatro meses. Num primeiro momento, não se poderia treinar. No segundo, com um protocolo invejável construído pelos clubes, foi permitido treinar individualmente, com grupos de cinco jogadores. Nada mais, mesmo que estivessem testados, chegando fardados de casa, não usando vestiário, medindo diariamente a febre. Enfim, com cuidados especiais que nenhum trabalhador consegue ter.
Neste processo, já se passaram oito longas semanas. Claro que os jogadores já estão entediados. Eles gostariam de estar treinando normalmente, gostariam de estar jogando. Nunca se fez tano treinamento físico, repetindo por oito semanas a mesma coisa. O futebol europeu nos provou que dá para jogar coletivamente.
Agora, com a bandeira vermelha em Porto Alegre, o governador Eduardo Leite disse na sua live desta segunda-feira (29), que futebol não é prioridade. Reconhece todo cuidado dos clubes, faz grandes elogios ao protocolo produzido pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), mas empurra a decisão para mais adiante.
Nesta hora, usa seu último argumento: "O futebol provoca aglomerações nos bares e nas residências".
Certamente, o governador sabe das aglomerações na orla de Porto Alegre. Nada fez para terminá-las. Sabe das manifestações pró e contra Jair Bolsonaro, que se repetem em Porto Alegre. Nada fez para terminá-las.
Os dirigentes sabem que é importante voltar a jogar, a mostrar seu produto, a movimentar suas torcidas e receber as verbas de TV e publicidade, já que bilheteria, não terão neste momento.
Sim, prioridade é saúde, educação e segurança. Mas o futebol é uma atividade econômica e também deve ajudar animicamente pessoas que gostam deste esporte e que estão em quarentena nas suas casas. Espero que este comitê de crise não cometa o desatino de não deixar que se jogue futebol no Rio Grande do Sul.