Depois da coluna de segunda-feira (30), sobre por que a esquerda não explica o comunismo que defende, o vereador reeleito Roberto Robaina (PSOL) me procurou. Apresentou-me sua tese doutorado, defendida na PUC em 2014, na qual ele analisa o fracasso comunista do século 20 e oferece respostas sobre o que seria o comunismo hoje.
– Assim como o cristianismo, apesar da Inquisição, não deixou de existir, entendo que o comunismo, apesar do stalinismo, também permanece. O que reivindico, na minha tese, é uma espécie de libertação do vocábulo como sinônimo de luta pela igualdade – diz o vereador.
Não dá para negar que a etimologia da palavra reforça o enfoque de Robaina: comunismo é comunhão, comum, comunidade. E por que Manuela D'Ávila, candidata do Partido Comunista do Brasil, não explorou esse raciocínio na campanha? Fui atrás da resposta.
Segundo o principal estrategista da candidatura de Manuela, o cientista político Juliano Corbellini, não havia como fazer uma discussão conceitual em uma campanha tão curta. A opção, portanto, foi encontrar argumentos mais concretos quando o assunto vinha à baila.
– Manuela falou sobre isso na TV e nos debates. Disse que é do PCdoB, mesmo partido do governador Flávio Dino, do Maranhão, onde os índices de educação cresceram, onde a segurança melhorou e onde é possível abrir uma empresa em seis horas – conta Corbellini, que também liderou as duas campanhas vitoriosas de Flávio Dino.
Em Porto Alegre, não foi suficiente. O estigma da comunista – alimentado por adversários que, na reta final, chegaram a espalhar o boato da carne de cachorro – seguiu grudado na candidata.
– É muito vago dizer que o comunismo tem um novo conceito, mas a esquerda precisa pensar logo em uma estratégia para isso. Porque vai ter gente repetindo a mesma coisa em 2022 – adianta o cientista político Carlos Borenstein.