É triste, mas é uma praxe: chega o veraneio e os donos desaparecem. Qualquer centro veterinário ou ONG de proteção animal, nesta época do ano, mal dá conta do imenso número de cachorros abandonados em Porto Alegre.
– Todo verão é assim. Muita gente abandona para viajar, outros ganham de Natal e não se adaptam – diz a veterinária Juliana Herpich, da Unidade de Saúde Animal Vitória, clínica administrada pela prefeitura na Lomba do Pinheiro.
Embora não seja um local para acolher cachorros sem dono, a clínica já abriga cem nessas condições – e o espaço para acomodá-los acabou, portanto é impossível recolher outros cães largados ali na frente. Para se ter uma ideia, a ONG Patas Dadas, que resgata e encaminha animais para adoção, costuma receber ao longo do ano um cachorro abandonado a cada três semanas. Mas, só nos últimos dois meses, chegaram 25.
– O pessoal simplesmente deixa aqui perto. Às vezes, aparecem até shar-peis e chow-chows, animais caros que têm fama de temperamentais – conta Gabriela Pereira, voluntária da ONG.
Também não há mais canis disponíveis na Patas Dadas e, por isso, Gabriela pede que a localização não seja divulgada. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente não controla o número de abandonos na rua, mas alguns indicativos confirmam o crescimento entre dezembro e março.
– Nossos atendimentos a cães sem dono são muito mais frequentes, o que parece refletir o aumento da população de animais de rua – analisa o coordenador da Unidade de Saúde Animal Vitória, Bruno Wagner da Silva. – Crescem demais também as denúncias pelo 156 (telefone para solicitação de serviços da prefeitura).
Para adoções, a Patas Dadas divulga o e-mail adocoes@patasdadas.com.br. E o 156 é o canal de contato com a unidade Vitória. Não faltam cães aguardando novos donos por lá.