Apontado como todo-poderoso no início do governo, Kevin Krieger (PP) pediu para sair porque seu poder não decolou. O titular da Secretaria de Relações Institucionais e Articulação Política comunicou seu afastamento na manhã desta quinta-feira, em uma reunião no gabinete do prefeito Nelson Marchezan.
À imprensa, é possível que ele alegue outros pretextos para justificar sua decisão – o filho recém-nascido é o mais forte deles. Mas o real motivo, como a coluna adiantou na terça-feira, são as frequentes divergências com o prefeito.
Nos próximos dias, Krieger continuará à frente da secretaria apenas para coordenar a transição com seu substituto. O nome mais cotado para a função é o do vice-prefeito Gustavo Paim (PP), que, se não assumir a pasta em definitivo, ficará no cargo pelo menos até o futuro secretário chegar.
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Krieger tinha a expectativa de ser o homem forte do governo, uma versão municipal do chefe da Casa Civil, um conselheiro que ajudaria Marchezan a ditar os rumos da gestão, mas passou os últimos meses reclamando de sua fraca influência na prefeitura. Queixava-se de ser pouco ouvido. Sentiu-se alijado até do processo que, em tese, deveria ser comandado por sua secretaria: a articulação política com a Câmara Municipal. Quem vinha liderando as conversas com os vereadores era o próprio prefeito.
Na terça-feira passada, Marchezan perguntou a Krieger que condições poderiam fazê-lo ficar. O secretário disse sentir falta do chamado "núcleo duro" – um grupo de pessoas que participam das estratégias e decisões do prefeito. O tucano prometeu atendê-lo, mas Krieger achou que o perfil centralizador do prefeito dificilmente mudaria.
Nos bastidores, membros do governo dizem que Marchezan discordava dos métodos de Krieger na negociação de cargos com partidos. Por isso, o prefeito teria assumido a articulação política, embora julgasse importante manter na prefeitura o principal representante do PP.
Aliás, a mágoa do secretário começa aí. Durante o período eleitoral, Krieger coordenou a vitoriosa campanha de Marchezan e foi peça-chave na aproximação do tucano com o PP, partido fundamental para a candidatura deslanchar. Ele achava que, por tudo isso, exerceria uma influência medular no governo. Mas só durou quatro meses.