
Nunca entendi o que tanto elas anotam. Duas mulheres com coletes da EPTC, sentadas em cadeirinhas de praia, passam horas à sombra de uma árvore mirando o trânsito e rabiscando em planilhas. Pois Jéssica e Vanessa, ontem à tarde, apenas contavam bicicletas.
– Anotamos de onde vêm, para onde vão, se quem conduz é mulher ou homem, se anda pela ciclovia, pelo passeio ou pelo leito da rua – explica Vanessa.
– O pessoal diz horrores: que serviço assim todo mundo quer, que é fácil ganhar dinheiro sentado – lamenta Jéssica.
Tem dias em que elas contam carros. Ou quantas pessoas atravessam na faixa. Ou quanto tempo os pedestres esperam para abrir o semáforo. Vai tudo para o setor de pesquisa da EPTC, onde as anotações viram dados estatísticos.