Eterna diva do cinema francês, a atriz Catherine Deneuve foi recentemente agraciada com o prestigiado prêmio Lumière, recompensa anual a um cineasta ou intérprete pelo conjunto excepcional de sua obra. Foi a primeira mulher a receber a láurea, instituída em 2009, e a segunda estrela de nacionalidade francesa premiada depois de Gérard Depardieu (em 2011), numa lista integrada por nomes como os de Clint Eastwood, Quentin Tarantino, Pedro Almodóvar e Martin Scorsese. Numa entrevista à revista Télérama, a atriz desvendou alguns de seus hábitos e gostos pessoais, algo um tanto raro.
Seus filmes preferidos no último ano? A assassina, de Hou Hsiao-hsien, e Ni le ciel ni la terre, de Clément Cogitore. Entre os seriados, cita Homeland, Mad men, Breaking bad e os franceses Revenants e Le bureau des légendes. No teatro, ficou "fascinada" pela direção de Arnaud Desplechin na peça O pai, de August Strindberg, ainda em cartaz na Comédie Française.
Os livros de sua vida são Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke, e Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, mesmo que confesse não ter lido na íntegra o último. Mas se diz "fiel" a Philip Roth, Donna Tartt, Joyce Carol Oates e Patrick Modiano. Em lugar de destaque na sua estante, estão ainda três autobiografias: as de Groucho Marx, Louise Brooks e Ingmar Bergman.
Em casa, no carro ou nos intervalos das filmagens, ela escuta muita música francesa, mas nunca com fones de ouvido: "Preciso que a música me envolva, me abrace, não que force as minhas orelhas", explica. Ela apreciou os novos álbuns de Benjamin Biolay e de Julien Doré, e entre os estrangeiros diz preferir Rihanna a Beyoncé, "que é perfeita demais em tudo".
A beleza, para ela, está nos museus, e no topo de sua lista está o Louisiana, de Copenhague. Amante da bebida de Baco, é fã incondicional dos vinhos da região da Bourgogne, e integrante de uma conhecida confraria, a Tastevin. Mas adverte que é preciso desconfiar das intermináveis noites de filmagens: "Bêbado, não se pode encenar, mesmo que a impressão seja a de se sentir melhor".
E revela um pequeno segredo: "Quando certas cenas se apresentavam como um problema, principalmente em termos de pudor, eu tomava uma pequena vodca. Para mim, o vinho está associado à descontração entre amigos".
A Cidade Luz de Avedon
Há, obviamente, a célebre imagem da modelo Dovima em um elegante vestido de Yves Saint Laurent, sedutora entre dois elefantes, imortalizada no Cirque d’Hiver, em Paris, em 1955. Mas também a foto de Audrey Hepburn entre Mel Ferrer e Buster Keaton, na traseira de um ônibus em plena capital francesa. E também os retratos de Catherine Deneuve, Marguerite Duras, François Truffaut, Jean Genet, Jeanne Moreau, Coco Chanel, Gérard Depardieu ou Daniel Cohn-Bendit.
A intensa relação do fotógrafo americano Richard Avedon (1923-2004) com a França – Paris, principalmente –, onde desembarcou pela primeira vez com sua Rolleiflex no final dos anos 1940, é retratada por meio de 200 obras de sua autoria em uma exposição na Biblioteca Nacional da França (BNF), até 26 de fevereiro de 2017.
– Fotografei uma Paris do pré-guerra, uma Paris à la Lubitsch, uma Paris que não existia. E chegava num momento de minha vida em que tudo começava, na idade em que se lê pela primeira vez Proust e Sartre, em que se prova sua primeira trufa – rememorou, certa vez, em uma entrevista.
Para celebrar a mostra,a partir do próximo dia 28, o metrô de Paris vai exibir, em 11 de suas estações subterrâneas, 44 imagens em grande formato, divididas em três temas: Retratos de cinema, Dança e movimento e Avedon em Paris.
Projeto 2024
Paris é a cidade mais bem servida do mundo em termos de transportes públicos rápidos. A organização internacional Transportation and Development Policy (ITDP), de fins não lucrativos, calculou em 26 cidades do planeta a porcentagem da população urbana residente a menos de um quilômetro de uma estação de metrô ou trem elétrico.
Com sua densa rede de metrô, bastante apreciada por seus habitantes e por turistas, a capital francesa foi a única a atingir a marca de 100%, contra 77% de Nova York, por exemplo, ou 17% de Brasília. Na classificação ampliada para os subúrbios da cidade, Paris cai para a quarta posição, com um índice de 13%, atrás de Madri e Barcelona (ambas com 76%) e Roterdã (55%).
Mas como candidata à sede dos Jogos Olímpicos de 2024, a Cidade Luz espera melhorar esse quesito, reforçando a rede de transportes na Grande Paris. O projeto 2024 prevê que 22 dos espaços esportivos estejam situados a menos de 10 quilômetros da Vila Olímpica.