Apesar de estar inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou ao Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (6), que se considera a única alternativa para concorrer representando o seu campo político nas eleições de 2026.
Embora não exista até agora nenhum indicativo de que o Judiciário irá rever a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), há expectativa do ex-presidente sobre a mudança de composição ocorrida na Corte. A estratégia política com a declaração também passa pela valorização do seu apoio, caso ele continue impedido de disputar as eleições.
Ao analisar o mapa atual de votos no TSE, Bolsonaro já conta com os ministros Kássio Nunes Marques e André Mendonça, que foram indicados por ele ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele também teria o o apoio do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Raul Araújo, que no ano passado foi contra sua inelegibilidade. Mas há pouco ele foi substituído pelo ministro Antonio Carlos Ferreira. A vitória ainda dependeria do voto da ministra do STJ Isabel Gallotti. Apesar de ela ter perfil mais conservador, o seu posicionamento sobre o caso é considerado incerto.
Os outros três integrantes, nas contas dos aliados do ex-presidente, não teriam qualquer disposição em absolvê-lo. São eles a atual presidente do TSE e integrante do STF, ministra Cármen Lúcia, e os ministros Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares — indicados recentemente pelo presidente Lula para o tribunal.
— O TSE era parcial. Agora o TSE está equilibrado, então tudo pode acontecer. Eu não tenho obsessão pelo poder, tenho paixão pelo meu Brasil. Enquanto eu não morrer, física ou politicamente, sou eu mesmo. O plano A sou eu, o plano B sou eu também e o plano C sou eu — afirmou o ex-presidente.
Caso não consiga reverter a inelegibilidade, ele já deixa claro que usará em 2026 a narrativa de perseguido político da Justiça. Assim como Lula fez em 2018, quando estava preso e manteve a suposta candidatura à presidência até o último minuto, a estratégia de Bolsonaro será adiar o quanto conseguir o apoio oficial a outro candidato, e assim tentar manter o domínio sobre uma eventual vitória de seu campo político.